Carlinhos Brown e outros músicos ocuparam 100 janelas para celebrar o Carnaval na Bahia

Ainda em tempo de pandemia e longe da guerra que eclodiu no Leste da Europa, o Carnaval brasileiro viu canceladas muitas das habituais celebrações populares. Em Salvador da Bahia, onde as festas estiveram arredadas das ruas pelo segundo ano consecutivo, vários músicos deitaram mãos à obra para oferecer, em contrapartida, um Carnaval alternativo. Carlinhos Brown, Lia de Itamaracá (histórica cantora e compositora pernambucana, hoje com 78 anos, que foi a anfitriã deste espectáculo), Gaby Amarantos, Xanddy, Larissa Luz e os blocos afro Ilê Aiyê, Cortejo Afro e Didá, ocuparam 100 janelas do célebre Edifício Sulacap, no centro de Salvador, e aí fizeram a festa, que foi transmitida em directo nas plataformas digitais, incluindo o YouTube. Tal celebração teve, como sucede com vários festivais portugueses, o apoio explícito de uma marca de cerveja (a Devassa, da Heineken) e, de acordo com os seus promotores, quis “homenagear a essência negra” da “maior festa popular do país”. Com os músicos à janela, a cantar e a tocar, e a projecção simultânea de imagens de video mapping, a iniciativa decorreu no domingo, 27 de Fevereiro, e foi baptizada como “Paredão Tropical”. A fotografia do edifício iluminado, aqui publicada, é da autoria de Victor Carvalho.

Durante o espectáculo, ouviram-se temas como Quem me deu folia (António Baracho), Maracatu atômico (Jorge Mautner e Nelson Jacobina), Amantes cinzas (Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown), Meia-lua inteira (Carlinhos Brown), Que bloco é esse? (Carlinhos Camafeu), Sinhá pureza (Pinduca) ou Chão da Praça (Moraes Moreira e Fausto Nilo).

O edifício Sulacap, inaugurado em 1946, foi projectado pelos arquitectos Anton Floderer (austríaco) e Robert Prentice (escocês), autores de várias obras arquitectónicas no Brasil. Localizado em frente à Praça Castro Alves, na esquina da Avenida Sete de Setembro com a Rua Carlos Gomes, é um dos principais exemplos de Art déco na capital baiana e tem sido, desde há vários anos, um ponto de encontro habitual durante o Carnaval na cidade.