Director regional da Cultura dos Açores exonerado a pedido da secretária regional

As divergências entre o padre Ricardo Tavares e Susete Amaro eram públicas, e a RTP Açores já chegara mesmo a noticiar o seu afastamento em Novembro passado.

Foto
José Manuel Bolieiro exonerou o director regional de Cultura indicado pelo PPM/Açores Anna Costa

O director regional da Cultura dos Açores, Ricardo Tavares, vai ser exonerado do cargo, a pedido da secretária regional da tutela, Susete Amaro, anunciou o governo regional, em comunicado de imprensa, sem apresentar justificações.

“O Governo dos Açores informa que a secretária regional da Cultura, da Ciência e Transição Digital, Susete Amaro, solicitou ao presidente do governo a exoneração com efeitos imediatos do director regional da Cultura, Ricardo Tavares, pedido aceite por José Manuel Bolieiro”, avançou esta terça-feira à noite, no seu site, o executivo açoriano.

A exoneração do padre Ricardo Tavares do cargo de director regional da Cultura ainda não foi publicada no Jornal Oficial, mas a decisão foi comunicada ao próprio na segunda-feira à tarde, num email enviado pela secretária regional.

Nessa comunicação, a que a Lusa teve acesso, Susete Amaro diz ter dado instruções aos funcionários da Direcção Regional da Cultura para que, a partir daquele dia, não cumprissem “qualquer despacho, instrução ou email emanado” de Ricardo Tavares. “A partir deste momento, retiro-lhe todas as suas competências, bem como a confiança política”, lê-se no email assinado por Susete Amaro.

A Lusa tentou obter uma reacção de Ricardo Tavares, mas o director regional não se encontrava na direcção regional da Cultura e tinha o telemóvel desligado. Também não foi possível entrar em contacto com Susete Amaro.

O Governo Regional dos Açores, que tomou posse em Novembro de 2020, resulta de uma coligação de três partidos – PSD, CDS-PP e PPM) –​, que conta ainda com o apoio parlamentar do Chega, da Iniciativa Liberal e do deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega).

Susete Amaro foi indicada pelo PSD para a tutela da Cultura, da Ciência e Transição Digital, enquanto Ricardo Tavares foi uma escolha do PPM.

Ao longo do mandato, as divergências públicas entre a secretária regional e o director regional foram frequentes. O caso mais mediático esteve relacionado com um pedido de transferência de um boi anão empalhado da colecção do Museu Carlos Machado para o Ecomuseu do Corvo, dirigido por Deolinda Estêvão, mulher do líder do PPM/Açores, Paulo Estêvão.

Apesar dos pareceres negativos do director do Museu Carlos Machado, Duarte Melo, e do responsável pela colecção de História Natural, João Paulo Constância, o director regional da Cultura aceitou o pedido de transferência, que já fora proposto em 2019 pelo líder regional do seu partido.

A decisão acabaria no entanto por ser revertida pela secretária regional da Cultura, Ciência e Transição Digital, que apenas permitiu uma cedência temporária, desde que garantidas todas as condições técnicas para a conservação da peça.

A exoneração agora anunciada de Ricardo Tavares não terá sido recebida com grande surpresa, tanto mais que a RTP Açores já anunciara no final de Novembro do ano passado que Ricardo Tavares iria ser substituído, notícia que o presidente do governo regional na altura não confirmou, sublinhando que teria de ser ele, em articulação com a ministra da Cultura, a assinar o despacho de exoneração.

Sugerir correcção
Comentar