Mais políticos do que técnicos e com poucos independentes. Já se conhece o novo Governo dos Açores

A equipa de José Bolieiro irá incluir Duarte Freitas, ex-líder do PSD-Açores. Ao CDS caberá a vice-presidência e a secretaria do Ambiente e Alterações Climática. Ao PPM, será entregue a tutela do mar e pescas.

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José Manuel Bolieiro apresentou a sua equipa ao representante da República LUSA/ANTÓNIO ARAÚJO

Foi nesta sexta-feira revelada a constituição do XIII Governo dos Açores, que marca o regresso do PSD à presidência do executivo regional 24 anos depois e a estreia do CDS e do PPM em soluções governativas regionais. É um governo com experiência política, que inclui três mulheres e poucos independentes.

No elenco, há antigos eurodeputados e líderes parlamentares regionais, há deputados nacionais e ex-membros de governos de Mota Amaral e até um antigo líder do PSD-Açores, Duarte Freitas. Liderado por José Manuel Bolieiro, o executivo terá 10 secretarias e uma subsecretaria – o último governo socialista tinha nove secretários regionais.

Na divisão das pastas, o CDS ficou com a vice-presidência do governo e com a secretaria do Ambiente e Alterações Climáticas. O número dois do governo será Artur Lima, líder regional do CDS desde 2007, que assumirá os pelouros da segurança e da solidariedade social. Já a outra secretaria centrista será entregue a Alonso Miguel, engenheiro do ambiente e antigo deputado regional, que não conseguiu ser eleito nas últimas regionais. É tido como uma das figuras mais próximas do líder regional e um dos putativos candidatos à sucessão de Artur Lima quando este abandonar a liderança centrista no arquipélago.

Já ao PPM coube a pasta do mar e das pescas. Já se sabia que o líder regional dos monárquicos, Paulo Estêvão, pretendia ficar no parlamento e por isso o escolhido para representar o partido no governo foi Manuel São João. É advogado de profissão e foi cabeça de lista do PPM pelo círculo de compensação, mas não chegou a ser eleito deputado.

Quem também foi cabeça de lista pela compensação e falhou a eleição foi Duarte Freitas, líder regional do PSD entre 2013 e 2018. Actualmente sob suspeita de financiamento ilícito na campanha eleitoral de 2016, o antigo eurodeputado ganha uma nova vida política como secretário da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego.

A pasta liderada por Duarte Freitas resulta da divisão de competências da antiga vice-presidência socialista, que concentrava a economia, finanças e emprego. No governo de Bolieiro, as finanças terão uma secretaria autónoma, que juntará o planeamento e a administração pública. Será liderada por Joaquim Bastos e Silva, engenheiro civil de profissão. É um dos nomes mais fortes do elenco governativo. Foi o último secretário regional das finanças de Mota Amaral (entre 1993 e 1995) e gestor em algumas das maiores empresas da região. Foi, por exemplo, presidente da EDA (a eléctrica regional), administrador do grupo Bensaúde e adquiriu, também, notoriedade pública como comentador político assíduo na comunicação social regional.

Também do tempo de Mota Amaral transita Ana Carvalho, que, entre 1991 e 1996, foi Directora Regional da Habitação e Directora Regional de Ordenamento do Território e Recursos Hídricos. Agora vai ser secretária das Obras Públicas e Comunicações. É uma das três mulheres do governo. As outras são Sofia Ribeiro, professora e eurodeputada social-democrata entre 2014 e 2018, que assume a Educação; e Susete Amaro, ex-vice-presidente da comissão política regional do PSD e funcionária da ANA-Aeroportos, que irá liderar a secretaria da Cultura, Ciência e Transição Digital.

Em período de pandemia, o escolhido para liderar a saúde é Clélio Meneses, um advogado. O novo secretário da Saúde e Desporto já foi deputado regional (entre 2000 e 2008), líder da bancada social-democrata no parlamento açoriano e nos últimos anos esteve mais dedicado à advocacia e afastado dos holofotes da política. Ainda assim, é um nome forte no PSD da ilha Terceira, mas, não tem qualquer ligação conhecida à área da saúde.

O novo secretário regional da Agricultura vem directamente da Assembleia da República. António Ventura, cuja candidatura ao parlamento açoriano chegou a ser avaliada pelo Tribunal Constitucional, vai deixar de ser deputado na Assembleia da República para tutelar a agricultura, tida como a sua área de especialidade, e o desenvolvimento rural.

Mário Mota Borges é o único que chega ao novo executivo sem passado na política. Vai ser secretário dos Transportes, Turismo e Energia, e terá de lidar com a situação financeira penosa da SATA e com a incerteza do sector turístico, que se tornou essencial na economia da região. É engenheiro civil de profissão e é, provavelmente, o governante menos conhecido do novo elenco.

No regresso das subsecretarias aos governos açorianos, Pedro Faria e Castro será subsecretário regional da presidência. Enquanto o anterior governo socialista tinha pastas autónomas para os assuntos parlamentares e para as relações externas, essas competências passam agora para a subsecretaria assumida pelo antigo secretário-geral do PSD-A.

A tomada de posse do novo governo dos Açores está marcada para a próxima terça-feira. Com uma equipa mais política do que técnica, José Manuel Bolieiro procurará garantir que à incerteza económica e social resultante da pandemia, não se juntará a instabilidade política de uma solução governativa dependente de cinco partidos.

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