Melo diz que CDS deve “fazer prova de vida” nas urnas e admite concorrer sozinho nas europeias

As eleições para o Parlamento Europeu acontecem dentro de dois anos. Nuno Melo apresentou a sua candidatura à liderança dos centristas este sábado.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo admitiu esta segunda-feira que o partido concorra sozinho nas eleições europeias, defendendo que “tem de fazer prova de vida” e “justificar a sua existência” nas urnas, reclamando ser a “direita com coração”.

Numa entrevista à Antena Um, o eurodeputado e candidato à presidência do CDS-PP foi questionado sobre a política de alianças do partido no horizonte das próximas eleições, que serão ao Parlamento Europeu, dentro de dois anos, e remeteu uma posição para a sua moção de estratégia global ao Congresso, mas adiantou que, “intuitivamente, a disponibilidade dos partidos tem de ser ir a votos sozinhos”.

“O CDS tem de fazer prova de vida”, declarou, argumentando que o partido deve “nas urnas justificar a sua existência”, até para “ter força” para dialogar com outras forças políticas com as quais tradicionalmente se alia, como o PSD.

Nuno Melo diz acreditar no CDS e na sua sobrevivência se voltar a ter “capacidade de chamar os melhores quadros”, ter “ideias identitárias” e ser um “partido útil”, sublinhando esta ideia de utilidade, tal como defendeu na apresentação da sua candidatura à liderança, no sábado.

O eurodeputado considera que na actual composição da Assembleia da República, em que o CDS deixou de estar representado, há eleitorado que também deixou de estar reflectido no hemiciclo, aqueles que se revêm numa “direita com coração”.

“Lutamos todos os dias por uma economia de mercado que esteja ao serviço das pessoas”, defendeu.

Nesse sentido, achou “um exercício de honestidade” que a Iniciativa Liberal se queira sentar entre o PS e o PSD, considerando que, tal como no Parlamento Europeu, os liberais portugueses são de “centro-esquerda”.

Relativamente ao Chega, considerou que o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, aproveitou “como poucos” a sua demonização na última campanha eleitoral e manifestou-se contra qualquer ideia de “cerca sanitária” a partidos eleitos democraticamente.

“O PCP faz a festa do Avante com convidados da FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, extintas em 2016] e imagens da revolução bolchevique atrás? Viu algum cerco sanitário?”, questionou.

Para Nuno Melo, a esquerda é o adversário político do CDS e é contra ela que quer concentrar o seu esforço.

Já o PSD, apontou, continuará a ser para o CDS “um adversário político às vezes” e, às vezes, também “um parceiro preferencial”, reconhecendo a “realidade inultrapassável de alianças” entre os dois partidos.

Dando como exemplo as autarquias, o eurodeputado sublinhou que governam muitas autarquias juntos, mas foi também para os sociais-democratas que os centristas perderam câmaras.

Questionado sobre a permanência da sede do CDS-PP no edifício que ocupam no largo Adelino Amaro da Costa, em Lisboa, Nuno Melo respondeu que apesar do carácter histórico do edifício, o que mais o angustia são os funcionários que têm os seus “empregos em risco” pela perda de recursos financeiros, sobretudo a subvenção estatal.

O 29.º Congresso do CDS está marcado para 2 e 3 de Abril, em local ainda a definir. Os centristas vão eleger o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência do partido e não irá recandidatar-se, na sequência dos resultados eleitorais nas legislativas de 30 de Janeiro.

O CDS-PP obteve 1,6% dos votos nas legislativas e, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, ficou sem representação parlamentar, depois de na última legislatura ter uma bancada de cinco deputados.

Além de Nuno Melo, também o dirigente Miguel Mattos Chaves anunciou uma candidatura à liderança do CDS-PP.

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