“Polícia gaspacho”: congressista republicana confunde polícia secreta nazi com sopa de tomate

Marjorie Taylor Greene, promotora da teoria da conspiração QAnon, acusou a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA de ter uma brigada policial a espiar os congressistas. Mas a referência à Gestapo saiu-lhe mal.

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Marjorie Taylor Greene, figura da extrema-direita norte-americana, já foi descrita por Donald Trump como uma "futura estrela" do Partido Republicano JONATHAN ERNST/Reuters

A congressista do Partido Republicano Marjorie Taylor Greene, conhecida promotora das teorias conspirativas do QAnon, quis lançar na quarta-feira um duro ataque à presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, mas cometeu uma gaffe imperdoável, ao confundir a polícia secreta da Alemanha nazi (Gestapo) com a famosa sopa fria à base de tomate (gaspacho), muito popular no Sul de Portugal e de Espanha.

“Não só temos a prisão de D.C. – que é um gulag de D.C. – como agora temos a ‘polícia gaspacho’ da Nancy Pelosi a espiar os membros do Congresso; a espiar o trabalho legislativo que fazemos; a espiar o nosso staff; e a espiar os cidadãos americanos que querem vir falar com os seus representantes”, denunciou a congressista, eleita em 2020 pelo estado da Georgia.

“Este Governo transformou-se em algo que nunca deveria sido e chegou a altura de acabar com isto”, acrescentou, numa entrevista ao canal televisivo de extrema-direita One America News Network.

Embora se tenha enganado no nome da polícia criada por Hermann Göring – peça-chave na execução em massa de judeus e outras minorias durante a II Guerra Mundial –, esta não é a primeira vez que Greene compara o Partido Democrata e a Administração Biden à Alemanha Nazi.

A congressista – que o ex-Presidente Donald Trump chegou a catalogar como “a futura estrela republicana” – descreveu os promotores da campanha de informação sobre a vacina contra a covid-19, feita porta-a-porta, como “camisas castanhas” (cor do uniforme nazi), e sugeriu que os norte-americanos os recebessem com armas de fogo; e comparou os certificados de vacinação com os símbolos identificativos que os judeus eram obrigados a usar durante o III Reich.

As suas críticas a Pelosi também não são novas. Numa mensagem publicada no Facebook, em 2019, defendeu que a forma mais rápida para afastar a líder da Câmara dos Representantes seria com “uma bala na cabeça”. Também já pediu a execução do ex-Presidente Barack Obama e da ex-secretária de Estado e candidata à Casa Branca, Hillary Clinton.

A eleição de Marjorie Taylor Greene para a Câmara dos Representantes marcou a entrada do universo QAnon na política tradicional norte-americana. Esta teoria conspirativa diz que Trump foi enviado para salvar os Estados Unidos, um país dominado por um Estado paralelo, controlado por uma rede de pedófilos satânicos, liderada pelo Partido Democrata.

Apesar de ter pedido desculpa por algumas publicações que fez no passado nas redes sociais – como a negação dos ataques terroristas do 11 de Setembro – a congressista foi proibida de participar nas comissões parlamentares e tem sido uma presença incómoda na câmara baixa do Congresso norte-americano.

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