“Linhas vermelhas” da covid-19: testes positivos são 18,5%

O valor registado em Portugal é superior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças. Documento refere que mortalidade aumenta 39% numa semana, mas alguns médicos e especialistas estão relutantes, já que muitos “casos covid” em enfermarias e cuidados intensivos estão internados por outras doenças.

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A análise de risco da pandemia refere que a variante Ómicron (BA.1) continua dominante em Portugal pedro nunes

Portugal regista uma mortalidade por covid-19 de 52,2 óbitos por um milhão de habitantes, um aumento de 39% numa semana e superior ao limiar europeu definido para este indicador, alerta a análise de risco da pandemia divulgada esta sexta-feira.

“A 26 de Janeiro, a mortalidade específica por covid-19 registou um valor de 52,2 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a um aumento de 39% relativamente ao último relatório (37,6), indicando uma tendência crescente do impacto da pandemia na mortalidade”, indicam as “linhas vermelhas” do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) e da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o documento, o valor registado em Portugal é superior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) e superior ao limite de 50 óbitos, o que se traduz, de acordo com referencial das “linhas vermelhas”, “num impacto muito elevado da epidemia na mortalidade específica por covid-19”.

Relativamente aos serviços de saúde, o relatório do Insa e da DGS refere que, na quarta-feira, estavam em unidades de cuidados intensivos (UCI) 147 doentes com covid-19, o que corresponde a 58% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas, quando na semana anterior este indicador estava nos 60%. “Na última semana o número de doentes internados em UCI apresenta uma tendência estável”, mas os hospitais da região Norte estão a 84% do nível de alerta de ocupação em cuidados intensivos.

Entre 20 e 26 deste mês, a proporção de casos com resultado positivo nos testes realizados para SARS-CoV-2 foi de 18,3% (15,5% no último relatório), valor que se encontra acima do limiar dos 4% e com tendência crescente. As “linhas vermelhas” indicam ainda que, nos últimos sete dias, foram realizados mais de 2,1 milhões de testes de despiste do coronavírus, quando na semana anterior tinham sido feitos cerca de 1,8 milhões.

Quanto às variantes, a análise de risco da pandemia refere que a variante Ómicron (BA.1) continua dominante em Portugal, tendo atingido uma proporção estimada máxima de cerca de 93% das infecções entre 7 e 9 de Janeiro. Desde essa data, tem-se verificado um decréscimo da proporção de amostras positivas com “falha” na detecção do gene S, o indicador de caso suspeito de Ómicron, “possivelmente relacionado com a entrada em circulação da linhagem BA.2, adianta o Insa. A frequência relativa estimada da linhagem BA.2 não tem revelado um aumento acentuado e consistente nas últimas duas semanas, sublinha o relatório.

Muitos “casos covid” estão internados por outras doenças

O PÚBLICO noticiou esta quinta-feira que número de doentes internados em enfermarias dedicadas a covid-19 está a aumentar de forma expressiva nas últimas semanas, e que os hospitais estão sob pressão devido aos constrangimentos causados pela logística que a separação de circuitos envolve. Contudo, a gravidade dos pacientes não tem comparação com a de vagas anteriores. E uma parte substancial são pessoas que não foram internadas por causa desta doença, mas sim por outras patologias, porque foram vítimas de acidentes, ou porque iam ser operadas e se percebeu que estavam infectadas com SARS-CoV-2 à entrada quando fizeram teste. Mesmo nas unidades de cuidados intensivos (UCI), uma parte dos pacientes em estado grave não está ali por estar doente com covid, mas por outros motivos, referem.

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