Fotógrafo René Robert, de 85 anos, caiu na rua e ninguém o socorreu. Morreu de hipotermia

O fotógrafo suíço, reconhecido por ter retratado artistas de flamenco, morreu, depois de ter passado mais de nove horas exposto ao frio, caído numa movimentada artéria parisiense.

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Em 2015, durante uma entrevista na inauguração de uma exposição em Nimes, Sul de França DR\UNA - Institut National de l'Audiovisuel

A 18 de Janeiro, o fotógrafo René Robert​, de 85 anos, saiu após ter jantado para dar um passeio pela Rua Turbigo, bem no centro de Paris. Eram cerca das nove da noite. Mas, em algum momento, o homem caiu inconsciente.

A via, que liga a Praça da República à Igreja de Santo Eustáquio e ao Mercado Les Halles, a dois passos do Museu de Artes e Ofícios, caracteriza-se ainda por ter vários restaurantes, o que torna difícil que ninguém o tenha visto no chão. Mas Robert permaneceu caído durante cerca de nove horas, exposto ao frio, numa noite em que as previsões meteorológicas apontavam para uma temperatura mínima de 3ºC.

O fotógrafo, acusou o seu amigo e jornalista Michel Mompontent, foi “assassinado pela indiferença”. De acordo com o relatado por Mompontent, Robert “morreu sozinho numa rua movimentada da capital [francesa] sem que ninguém parasse para o ajudar”, concluindo que “este fim de vida trágico e repugnante nos ensina algo sobre nós mesmos”. Afinal, a única pessoa a acudir o octogenário foi um sem-abrigo, que chamou os serviços de emergência pelas 6h30 da manhã.

O fotógrafo ainda foi transportado para o hospital, onde lhe foi diagnosticado um traumatismo craniano e uma grave hipotermia, causa do óbito.

René Robert (Freiburg, 1936) era um grande conhecedor de flamenco e retratou artistas como Paco de Lucía, Camarón de la Isla, Sara Baras, Vicente Amigo, Eva Yerbabuena, Marina Heredia e Estrella Morente. Ao longo de sua vida, expôs em muitas cidades, como Paris, Roma, Luxemburgo e Nimes.

O Instituto Cervantes de Paris, com o qual Robert trabalhou várias vezes, lamentou a notícia da sua morte, que foi recebida “com muita dor e tristeza”. “O fotógrafo desenvolveu um trabalho insubstituível de testemunho da arte flamenca do século XX. Movido pelo seu amor e a sua profunda compreensão da tradição hispânica, foi um fiel colaborador deste centro”, indicou o instituto, citado pela agência Efe.

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