Presidente da Arménia diz que a Constituição não lhe dá influência suficiente e demite-se

Sarkissian queixa-se da falta de “ferramentas apropriadas” para ajudar a ultrapassar a crise política do país do Cáucaso.

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Armen Sarkissian ocupava o cargo presidencial desde 2018 Reuters

Armen Sarkissian, Presidente da Arménia, apresentou neste domingo a sua demissão, queixando-se de que a Constituição não lhe dá poderes suficientes para influenciar a política do país.

No cargo desde 2018, Sarkissian protagonizou um duradouro braço-de-ferro com o primeiro-ministro, Nikol Pashinyan, por causa de uma série de questões políticas, incluindo o afastamento do chefe das Forças Armadas.

Na Arménia, o papel do primeiro-ministro é visto como sendo mais poderoso do que o do Presidente. Através de um referendo, realizado em Dezembro de 2015, a Arménia tornou-se uma república parlamentar e os poderes presidenciais foram significativamente limitados.

“Tenho estado a pensar há muito tempo e decidi demitir-me do cargo de Presidente da República, depois de ter trabalhado activamente durante cerca de quatro anos”, anunciou Sarkissian num comunicado publicado no site oficial da presidência arménia.

“Poderá colocar-se a questão de saber por que é que o Presidente não conseguiu influenciar os acontecimentos políticos que levaram à actual crise nacional. O motivo é, uma vez mais, óbvio: a falta de ferramentas apropriadas (…) na Constituição. As raízes de alguns dos nossos problemas potenciais estão escondidas na actual Lei Fundamental”, lamentou.

No seu comunicado, Sarkissian não se referiu, no entanto, a qualquer questão ou problema concreto.

Em Novembro do ano passado, a Arménia chegou a um novo acordo de cessar-fogo com o Azerbaijão na fronteira entre os dois países, depois de a Rússia ter forçado o país a dar um passo atrás nos confrontos com os azerbaijanos, os mais mortíferos desde a guerra de seis semanas de 2020.

Desde essa altura que o primeiro-ministro Pashinyan tem estado debaixo de uma enorme pressão, com protestos regulares nas ruas da capital, por causa dos termos do primeiro acordo, de 2020, com o Azerbaijão.

Nos termos desse compromisso, mediado pela Rússia, o Azerbaijão recuperou o controlo do território que perdeu na guerra do início dos anos 1990, no enclave de Nagorno-Karabakh.​

A Arménia abandonou a União Soviética em 1991, mas continua dependente do apoio e do investimento da Rússia.

Muitos arménios acusam o Governo de corrupção e de má-gestão de uma economia que tem sentido dificuldades em ultrapassar o legado do planeamento centralizado.

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