Polícia da Tunísia dispersa protesto contra Presidente com canhões de água

Manifestação contra medidas do Kais Saied, que governa por decreto depois de ter dissolvido o Parlamento, no aniversário da saída de Ben Ali do país.

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Polícia impede progressão de manifestantes em Tunes ZOUBEIR SOUISSI/reuters
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MOHAMED MESSARA/EPA
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A polícia da Tunísia usou esta sexta-feira canhões de água para dispersar centenas de manifestantes que tentavam chegar à capital, Tunes, para protestar contra o Presidente, Kais Saied, no dia em que se assinala a saída do antigo Presidente, Ben Ali, do país.

A polícia dispersou vários grupos, pelo menos um dos quais com centenas de pessoas, segundo testemunhas, impedindo-os de chegar à Avenida Habib Bourguiba, o palco tradicional das manifestações que em 2011 levaram à queda de Ben Ali e abriram caminho a um regime democrático, no único caso de sucesso saído das chamadas Primaveras árabes, que agora está em risco.

Vários partidos da oposição, incluindo o Ennahda (islamista moderado), estão a protestar contra a dissolução do Parlamento decretada pelo Presidente Kais Saied que desde Setembro governa por decreto, e pela sua tentativa de alterar a Constituição, acusando Saied de levar a cabo um golpe.

“Hoje a única resposta de Saied aos opositores é o uso da força e das forças de segurança (...) É tão triste ver a Tunísia parecer-se com um quartel militar na data da nossa revolução”, disse a activista pró-democracia Chayma Issa, da oposição.

Esta sexta-feira seria o dia em que habitualmente era assinalado o aniversário da revolução, o dia em que o ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali fugiu do país. No ano passado, no entanto, Saied mudou a data da comemoração para o dia em que a imolação pelo fogo de um vendedor ambulante de 26 anos, Mohamed Bouazizi, levou aos protestos generalizados que depois provocaram a queda do ditador.

Outro motivo da contestação é uma proibição de todas as reuniões e convívios em espaços interiores ou exteriores, anunciada na terça-feira, como medida contra a covid-19.

O Ennahda e outros partidos que participaram no protesto acusaram o Governo de decretar a proibição de convívio e o regresso ao recolher obrigatório nocturno por razões políticas e não de saúde, como forma de impedir os protestos.

Embora a acção de Saied dissolver o Parlamento em Julho tenha inicialmente parecido muito popular, após anos de estagnação económica e paralisia política, vários analistas dizem que o Presidente parece ter perdido bastante apoio desde então.

A economia da Tunísia continua muito afectada pela pandemia, tem havido poucos progressos na para obter apoio internacional às finanças públicas e o Governo que Saied nomeou em Setembro anunciou um orçamento para 2022 pouco popular.

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