Palcos da semana

Artistas Unidos numa Obstrução, Uma Dança das Florestas pelo Griot, Alceu Valença a solo, o NANT em novas danças e Nogueira nos cinemas.

Fotogaleria

Depois do Medo, o grande ecrã

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Depois do Medo, o grande ecrã

O aviso veio logo na sinopse: Depois do Medo trata “questões que só incomodam pessoas que têm demasiado tempo livre, podendo concluir-se à partida que o mundo, tal como o conhecem, vai ficar exactamente igual”. A verdade é que tudo mudou desde que, em Fevereiro de 2020, Bruno Nogueira fez história no stand-up nacional, ao esgotar a Altice Arena com este espectáculo – e longe de imaginar que as portas se fechariam em massa logo a seguir, com a chegada da pandemia. Do palco, o espectáculo saltou para o streaming. Também deu origem a um documentário. Agora, segue para os cinemas, em três dias de sessões espalhadas pelo país, para projectar problemáticas tão intrigantes e essenciais como a “das pessoas que, sem terem nada na boca, mastigam quando estão a olhar para alguém a comer”.

Fotogaleria
João Sena Goulão

Uma Obstrução em estreia

Os Artistas Unidos voltam à obra de Dimítris Dimitriádis – que abordaram, no ano passado, n’A Circularidade do Quadrado – para levar à cena uma peça experimental, assente em textos inéditos do autor grego. Todos partem de figuras da mitologia helénica, de Narciso a Tântalo. Mas o objectivo “não é voltar a falar do passado, é questionar o presente”, sublinha o grupo. O encenador, Jorge Silva Melo, descreveu-os à Lusa como “ensaios sobre o desejo” que lançam interrogações sobre a forma como ele “irrompe como o grande espaço da liberdade”. André Loubet, Diogo Freitas, Simon Frankel, Pedro Caeiro e Pedro Lacerda compõem o elenco.

Novos tempos para o corpo

Há dez anos a Dar o corpo ao manifesto, o festival viseense NANT adopta este lema em 2022 e dá novo sentido ao acrónimo: até aqui, significava New Age, New Time; agora, vem rebaptizado de Novas Acções, Novos Tempos, em sintoniza com os “tempos transformadores que vivemos”, anuncia na nota de intenções. O foco mantém-se: celebrar a dança com criações recentes de coreógrafos emergentes e veteranos. Jonas & Lander abrem a função com o híbrido Bate Fado, enquanto Vera Mantero fecha a cortina com O Susto É o Mundo. Entre eles, apresentam-se Mário Afonso com Framework, Sara Anjo e Madalena Palmeirim com As Estrelas Lavam os Teus Pés (para crianças), Piny com Hip. A Pussy Point of View, Sofia Dias e Vítor Roriz com O Que Não Acontece e Guillem Mont de Palol e Miguel Pereira com Falsos Amigos. Fora do palco, há documentários, um workshop e conversas com os artistas.

Florestas devoradoras

O Teatro Griot prepara-se para estrear uma peça enraizada na obra do escritor nigeriano Wole Soyinka, o primeiro autor africano a ser galardoado com o Nobel da Literatura, em 1986. É Uma Dança das Florestas que funciona como “metáfora botânica devoradora do sentido do mundo”, refere a nota de imprensa do São Luiz, que co-produz o espectáculo com a companhia. Centra-se em “dois espíritos dos mortos inquietos que trazem consigo as feridas de um outro tempo e confrontam os seus carrascos num estranho ritual de morte, expiação, desobediência e renascimento”, acrescenta. Com encenação e dramaturgia de Zia Soares, é interpretada por Ana Valentim, Cláudio Silva, Gio Lourenço, Júlio Mesquita, Matamba Joaquim, Miguel Sermão, Rita Cruz e Vera Cruz. Da música encarrega-se Xullaji.

Alceu num roteiro a solo

No ano passado, o brasileiro Alceu Valença acrescentou à já longa carreira de mais de 50 anos (e também aos milhões de visualizações online) uma série de álbuns acústicos. É inspirado nestes discos que regressa a Portugal, para sete datas em seis cidades, com um espectáculo a solo onde revisita as suas canções (e também alheias) em versões despidas para voz e guitarra, naquilo que descreve como um “roteiro cinematográfico”. Entre elas estão La Belle de Jour, Anunciação, Tropicana, Ladeiras e Sabiá. Ao lado, surgem novidades como Era Verão ou Sem pensar no amanhã. Para abrir os concertos, foi convidada a cantautora colombiana-mexicana (radicada em Lisboa) Mari Segura, que tem em Piano, piano o EP cartão-de-visita.