Bill Callahan & Bonnie Prince Billy foram à procura do poder das canções

Escolheram canções que admiravam, convocaram outros músicos para comporem as versões e cantaram-nas. Blind Date Party é, à superfície, um álbum de versões. Mas é mais que isso. Criado durante a pandemia, é uma elegia à música como obra comunitária, salvadora. Bonnie Prince Billy fala ao Ípsilon.

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Antes, no preciso momento antes de tudo desabar, Bonnie Prince Billy, que tem Will Oldham como nome de baptismo e que também assinou obra como Palace ou Palace Music, sentia sobre si o peso de uma dúvida existencial. “Afinal, o que é que eu faço para ganhar a vida? O que é esta coisa que eu faço?”. Will Oldham faz canções. Compõe e interpreta, põe os seus sentimentos em música, tentando fazer sentido daquilo que somos enquanto atravessamos o mundo, mergulhando nas profundezas mais recônditas e obscurecidas do nosso íntimo para tentar fazer sentido dele, ou para baralhar tudo ainda mais, o que será, também, uma forma de encontrar sentido nas coisas do amor, da amizade, da ternura, da raiva, da empatia, da violência que sentimos uns pelos outros e que sentimos por nós próprios. É isso então que Will Oldham faz e, sendo que o faz há tanto tempo, surpreende que se questione. E, no entanto, antes de tudo desabar sobre nós, Will Oldham questionava-se. Depois, chegou uma pandemia, avassaladora nas transformações que implicou no nosso quotidiano e no medo e mortandade que provocou, e o autor de I See a Darkness deixou de duvidar.

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