Laboratório sino-português junta-se à iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota

O pólo do laboratório em Portugal previa o lançamento do microssatélite Infante até ao final de 2021, mas deixou de ter data para ser enviado para o espaço.

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Vista do oceano Atlântico Rui Gaudêncio

O Ministério da Ciência e Tecnologia da China anunciou que um laboratório sino-português, dedicado ao desenvolvimento de tecnologia para vigiar a saúde dos oceanos, passou a fazer parte da iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota.

O Laboratório Conjunto Sino-Português de Tecnologia Espacial e Marítima (STARLab) recebeu aquela distinção, através de videoconferência, de acordo com um comunicado divulgado na quarta-feira. O STARLab é um projecto conjunto da Fundação para a Ciência e a Tecnologia de Portugal e da Academia para a Inovação em Microssatélites da Academia Chinesa de Ciências (IAMCAS, na sigla em inglês).

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal referiu à agência Lusa que o laboratório partiu de um acordo de cooperação científica e tecnológica assinado durante a visita do líder chinês, Xi Jinping, a Lisboa, em 2018.

Segundo o jornal Xinmin Evening News, Zhang Yonghe, director da IAMCAS, disse que o laboratório está a estudar as mudanças climáticas, as correntes no oceano profundo e a saúde dos ecossistemas marinhos. O objectivo do STARLab é criar tecnologia que permita não apenas monitorizar e proteger os oceanos, mas também promover o desenvolvimento sustentável da economia marítima, acrescentou o académico. O laboratório tem servido de plataforma para a cooperação com universidades e instituições de investigação de Portugal, acrescentou o vice-director principal da IAMCAS, Lin Baojun, citado pelo diário estatal chinês.

Quase 40 representantes de universidades e instituições de investigação científica da China e Portugal participaram no seminário de terça-feira, disse o Ministério da Ciência e Tecnologia chinês. O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português, Manuel Heitor, e o seu congénere chinês, Wang Zhigang, encontraram-se também na terça-feira, de forma virtual.

Durante a reunião de trabalho, Manuel Heitor apelou a um maior intercâmbio de estudantes e investigadores científicos entre Portugal e a China. Já Wang Zhigang defendeu que, desde 2018, tem havido “progresso substancial” na cooperação bilateral em áreas como as mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e protecção do património cultural. Ambos os ministros apelaram a um reforço do papel de Macau na cooperação científica e tecnológica entre Portugal e China.

O pólo do STARLab em Portugal foi inaugurado nas Caldas da Rainha em Julho de 2019, numa parceria público-privada que do lado português incluía a empresa aeroespacial Tekever e o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto. O projecto previa o lançamento para o espaço do microssatélite português Infante, para recolher dados marítimos e da superfície terrestre, até ao final de 2021. Em Abril de 2021, fonte da Tekever disse à Lusa que o Infante deveria ficar pronto em Outubro, mas que deixou de ter data para ser enviado para o espaço.

Quanto ao ponto da situação da parceria entre Portugal e a China para construir pequenos satélites, anunciada em 2018 na visita a Portugal de Xi Jinping, o presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, disse em Novembro em entrevista ao PÚBLICO que não lhe parece que “haja qualquer iniciativa nesse sentido: “Não sei se morreu, mas a agência não está envolvida nisso”, disse em resposta à pergunta se essa parceria tinha morrido.

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