Congressista do Partido Republicano quer atribuir Medalha de Ouro a Kyle Rittenhouse

Adolescente que matou dois manifestantes em Kenosha, em 2020, e que foi ilibado na semana passada por agir em legítima defesa, segundo o júri, “merece ser recordado como um herói que defendeu a sua comunidade”, diz a congressista Marjorie Taylor Greene.

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Marjorie Taylor Greene foi afastada dos trabalhos das comissões em Fevereiro Reuters/ERIN SCOTT
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Kyle Rittenhouse, de 18 anos, foi ilibado das acusações de homicídio e tentativa de homicídio Reuters/POOL New

A congressista norte-americana Marjorie Taylor Greene, uma das principais figuras da ala ultranacionalista do Partido Republicano, propôs a atribuição da Medalha de Ouro do Congresso dos Estados Unidos a Kyle Rittenhouse.

O adolescente norte-americano, que foi recebido pelo ex-Presidente Donald Trump no início da semana, matou dois manifestantes num protesto contra a violência policial, no Verão de 2020, e foi ilibado das acusações, na semana passada, depois de um júri ter considerado que agiu em legítima defesa.

A Medalha de Ouro do Congresso é a mais alta distinção civil nos Estados Unidos, a par da Medalha Presidencial da Liberdade, que é atribuída pelos Presidentes norte-americanos. E é a mais exclusiva das duas: foi atribuída pela primeira vez em 1776, a George Washington, pela sua liderança na guerra da independência dos EUA, e nos últimos 245 anos só foi entregue a 173 indivíduos e instituições.

Em comparação, o ex-presidente dos EUA Barack Obama atribuiu por 123 vezes a Medalha Presidencial da Liberdade em apenas oito anos.

Em Agosto, a Medalha de Ouro do Congresso foi atribuída aos agentes da polícia do Capitólio e de Washington D.C. pelo seu papel na resistência à invasão do edifício por apoiantes de Donald Trump, a 6 de Janeiro de 2021.

Na altura, 21 congressistas do Partido Republicano, incluindo Taylor Greene, votaram contra a distinção, por se oporem à classificação do ataque de 6 de Janeiro como uma “insurreição”. No final, a proposta foi aprovada com uma esmagadora maioria na Câmara dos Representantes e por unanimidade no Senado.

Fã de Trump

A proposta da congressista da Georgia parece estar condenada ao fracasso, já que a atribuição da Medalha de Ouro do Congresso só pode sair do papel se tiver o patrocínio de pelo menos dois terços das duas câmaras legislativas — a Câmara dos Representantes e o Senado. E o Partido Democrata, cuja maioria dos congressistas criticou a decisão do júri no julgamento de Rittenhouse, está em maioria em ambas as câmaras.

Mas o facto de o jovem ser visto, por muitos apoiantes de Donald Trump, como um símbolo do direito à posse de armas e da defesa da propriedade privada contra a violência de grupos ligados à esquerda, pode pressionar outros congressistas do Partido Republicano a apoiarem a proposta de Taylor Greene.

Na segunda-feira, Trump recebeu Rittenhouse na sua mansão de Mar-a-Lago, na Florida. 

“Ele telefonou e perguntou se podia passar por aqui para me cumprimentar porque é meu fã”, disse Trump, na terça-feira, no programa de Sean Hannity, na Fox News.

“Ele não devia ter passado por isto”, disse Trump sobre o julgamento de Rittenhouse. “Os procuradores agiram mal, e os democratas estão a fazer isto em todo o país.”

"Um herói"

No texto da proposta, Taylor Greene elogia a acção de Rittenhouse nos protestos do Verão de 2020 em Kenosha, no estado do Wisconsin. Segundo a congressista republicana, o adolescente “protegeu a comunidade de Kenosha durante um motim do [movimento] Black Lives Matter”. 

“Kyle Rittenhouse merece ser recordado como um herói que defendeu a sua comunidade, protegeu as empresas e agiu dentro da lei em face da ilegalidade. É com orgulho que apresento esta proposta de legislação para atribuir a Medalha de Ouro do Congresso a Kyle Rittenhouse”, disse Taylor Greene num comunicado.

Depois do anúncio do veredicto, na passada sexta-feira, Rittenhouse recebeu propostas para estagiar nas equipas de congressistas republicanos ligados à ala mais radical do partido, como Matt Gaetz e Lauren Boebert.

Taylor Greene, de 47 anos, foi eleita pela primeira vez para a Câmara dos Representantes dos EUA em Novembro de 2020, após uma campanha em que se destacou por disseminar teorias da conspiração e por sugerir que as principais figuras do Partido Democrata deviam ser condenadas à pena de morte por traição.

Em Fevereiro, a maioria democrata na Câmara dos Representantes afastou-a dos trabalhos das comissões, depois de os líderes republicanos se terem recusado a fazê-lo por iniciativa própria.

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