Siga aquele azulejo! Alentejo cria rota dos painéis do mestre Jorge Colaço

Exposições e um roteiro para passear admirando azulejos históricos: a ideia é “chamar a atenção para a importância da obra” de Colaço, criador de imponentes painéis pelo Alentejo, especialmente em estações ferroviárias mas não só – e por todo o país.

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Estação de Beja com azulejos de Jorge Colaço Nuno Ferreira Santos

A obra do pintor e ceramista Jorge Rey Colaço vai estar exposta em Évora e em Vila Viçosa, sendo também lançado um roteiro sobre os painéis de azulejo do artista na região.

Em comunicado, a Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo) revelou que a exposição intitulada “Jorge Colaço e a Azulejaria Figurativa do seu Tempo” vai ser inaugurada em Évora, na sexta-feira, e em Vila Viçosa, no sábado.

Trata-se de uma mostra, patente até 22 de Abril do próximo ano, organizada pela DRCAlentejo, Museu-Biblioteca da Fundação Casa de Bragança e Direcção-Geral do Património Cultural – Museu Nacional do Azulejo.

O objectivo passa por “chamar a atenção para a importância da obra de Jorge Rey Colaço, figura marcante no panorama artístico português nas primeiras quatro décadas do século XX”, segundo a direcção regional.

Fonte da DRCAlentejo explicou à agência Lusa que a exposição, que vai mostrar painéis de azulejo do artista pertencentes ao Museu Nacional do Azulejo e espólio documental, vai estar dividida em dois pólos, um na Casa de Burgos, em Évora, e o outro no Paço Ducal de Vila Viçosa.

Na inauguração da exposição em Évora, às 17h de sexta-feira, vai ser lançado um roteiro, “em papel”, com as obras conhecidas de Jorge Colaço na região do Alentejo, sendo o mesmo igualmente apresentado em Vila Viçosa, no dia seguinte, às 16h, indicou a mesma fonte.

A organização pretende “dar a conhecer, a um público mais alargado, a obra que o artista realizou para o Alentejo e contribuir para a sua valorização e preservação”, justificou a DRCAlentejo.

Tendo “Portugal” como lema de base da sua obra, Jorge Colaço desenvolveu temáticas diversificadas, desde cenas históricas, cenas de carácter militar, cenas etnográficas (rurais e piscatórias), entre outras.

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Estaçao de Vale do Peso, Crato, com azulejos de Jorge Colaço Nuno Ferreira Santos

O artista “realizou mais de 1.000 painéis de azulejos em Portugal continental e insular, bem como para outros países, como Espanha, Inglaterra, Suíça, Brasil, Argentina, Cuba” e também para Goa, destacaram as entidades promotoras da mostra. Entre as criações, assinalem-se obras carismáticas como a da Estação de São Bento, no Porto, a Casa do Alentejo ou Aquário Vasco da Gama em Lisboa, Palácio Hotel do Buçaco e muito mais, entre estações ferroviárias, igrejas, palácios ou mercados municipais.

No Alentejo, “os trabalhos mais conhecidos do artista são painéis realizados para algumas estações ferroviárias da região”, segundo a direcção regional.

Mas há outros que “são de assinalar”, como os painéis criados para o Palácio das Passagens - Escola Prática de Artilharia de Vendas Novas, para o Mercado Municipal de Almodôvar ou ainda para a Capela do Recolhimento Ramalho Barahona, em Évora.

Nascido em Tânger, a 26 de Fevereiro de 1868, e falecido a 23 de Agosto de 1942, no Alto do Lagoal, em Caxias, Jorge Rey Colaço estudou pintura em Madrid e Paris.

Tendo trabalhado como caricaturista e pintor a óleo, viria a destacar-se como pintor de azulejos, sendo, à época, considerado pelo público e outros artistas como a figura mais importante da sua geração no exercício desta arte.

O tempo artístico em que Jorge Colaço desenvolveu a sua obra foi marcado pelo surgimento e desenvolvimento de um modelo de azulejaria figurativa de estética revivalista e temática historicista e naturalista de gosto tardo-romântico.

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