Florêncio Almeida: “Tudo o que comprei foi com o que consegui amealhar”

Presidente da ANTRAL foi alvo de buscas em casa, no escritório e no gabinete. Explica que filho comprou apartamento na Quinta Patino depois de lhe ter doado prédios no centro de Lisboa que comprou a João Rendeiro.

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Florêncio de Almeida Enric Vives-Rubio / Publico

Alvo de buscas da Polícia Judiciária esta quarta-feira, por suspeitas ligadas a negócios imobiliários que fez com o ex-banqueiro João Rendeiro, o presidente da Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio de Almeida, diz não estar preocupado com a investigação de que está a ser alvo.

“Tudo o que comprei foi com o que consegui amealhar ao longo de 65 anos de trabalho, a trabalhar 15 e 16 horas por dia”, garante. “E por acaso ainda devo qualquer coisa ao banco.”

Em causa está o facto de o motorista do banqueiro, filho de Florêncio de Almeida, ter comprado em 2015 um apartamento na Quinta Patino, em Cascais, por 1,1 milhões de euros, cujo usufruto ficou anos depois para a mulher de Rendeiro durante 15 anos, em troca do pagamento de 200 mil euros. O patrão do motorista e a mulher também moravam no mesmo bairro de luxo. 

O Departamento Central de Investigação e Acção Penal suspeita de branqueamento de capitais: o ex-motorista e o pai terão ajudado o ex-presidente do BPP a esconder a fortuna. O presidente da ANTRAL explica que o que sucedeu foi que anos antes comprara a Rendeiro dois prédios na Rua Silva Carvalho, no centro de Lisboa, por cerca de meio milhão, e ainda dois terrenos no concelho da Murtosa. Rendeiro tinha-os herdado dos pais, que entretanto haviam morrido. Como não os conseguia vender com lucro, e este filho insistia em que não se desfizesse deles logo, porque o seu valor iria aumentar, acabou por lhos doar. “O meu filho acabou por os vender a uma empresa francesa por 1,47 milhões de euros, e foi com esse dinheiro que comprou o apartamento na Quinta Patino”, descreve.

Florêncio de Almeida explica que ainda vai entregar as escrituras destes negócios à Judiciária, uma vez que não as tinha na residência da Lapa, em Lisboa, onde mora com filhos, noras e netos, incluindo o ex-motorista de Rendeiro. “Os inspectores levaram outros documentos e analisaram os computadores, evidentemente”, descreve, explicando que também fizeram buscas ao seu gabinete na ANTRAL, tendo-lhes ainda indicado o escritório das suas empresas que tem no mesmo bairro em que mora, e que deixou revistar, apesar de não estar incluído no mandado de busca.

“Acho muito bem que tenham feito buscas, para que a verdade venha ao de cima”, insiste. “Sinto-me tranquilo. Ninguém me deu nada nem recebi nada de ninguém.”

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