Taiwan avisa China para não se aproximar muito da ilha

Governo taiwanês promete responder com “contramedidas fortes” se os aviões chineses se aproximarem muito da ilha. Segundo as autoridades locais, Pequim estará a quatro anos de ter capacidade para lançar uma “invasão em larga escala”.

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A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse que a ilha nunca sucumbirá à pressão da China EPA/RITCHIE B. TONGO

O Ministério da Defesa de Taiwan avisou, esta quarta-feira, que irá responder com “contramedidas fortes” se os aviões de combate e bombardeiros chineses passarem “perto demais” da ilha.

O aviso taiwanês surge em resposta a uma declaração do Governo chinês, que reafirmou a sua legitimidade para fazer incursões na zona de defesa aérea de Taiwan — uma zona delimitada por cada país, em águas internacionais, que serve para antecipar possíveis violações do espaço aéreo propriamente dito. 

Segundo Pequim, o envio de dezenas de aviões de combate e de bombardeiros para a zona de defesa aérea de Taiwan — um acontecimento cada vez mais comum nos últimos tempos — é “uma acção justa para proteger a paz e a estabilidade” na região.

Na semana passada, o ministro da Defesa taiwanês disse que a tensão militar entre a China e Taiwan está no nível mais elevado dos últimos 40 anos, e avisou que o Exército chinês terá capacidade para realizar uma “invasão em larga escala” dentro de quatro anos.

A promessa de uma “resposta forte” de Taiwan na eventualidade de uma aproximação dos aviões chineses surge após quatro dias consecutivos de incursões na zona de defesa aérea taiwanesa.

Até agora, nenhum tiro foi disparado, e os aviões chineses não chegaram a violar o espaço aéreo de Taiwan, concentrando as suas actividades no Sudoeste da zona de defesa aérea taiwanesa.

China acusa EUA

Numa audição no Parlamento de Taiwan, esta quarta-feira, o ministro da Defesa, Chui Kuo-cheng, disse que as forças taiwanesas vão aderir ao princípio de dar respostas “mais fortes” quanto mais próximos da ilha forem os sobrevoos chineses. Mas não avançou pormenores sobre que tipo de resposta estará Taiwan preparado para dar à China.

Na mesma comunicação, o ministro taiwanês voltou a mostrar-se preocupado com o crescente poderio militar chinês, que conta já com novos porta-aviões, submarinos nucleares e navios anfíbios de assalto.

“A capacidade da China para negar o acesso e bloquear o Estreito de Taiwan é cada vez mais completa, o que apresenta sérios desafios e novas ameaças às nossas operações de defesa”, disse Chui. 

A China acusa Taiwan — e o mais importante aliado da ilha, os Estados Unidos da América — de serem os responsáveis pelo aumento da tensão. Em Pequim, o porta-voz do Gabinete dos Assuntos Taiwaneses, Ma Xiaoguang, apontou o dedo à liderança do Partido Democrático Progressista, no poder em Taiwan.

“São acções totalmente justas”, disse Ma, acusando o Governo de Taiwan e os EUA de estarem unidos no apoio a actividades separatistas. Segundo Pequim, a pressão sobre Taiwan é uma forma de impedir o crescimento de um movimento independentista em Taiwan.

“Ao falarem numa alegada ‘ameaça militar’ por parte do continente, as autoridades do Partido Democrático Progressista querem inverter a situação. Se o partido persistir em gerir mal a situação, e se não souber recuar, Taiwan ficará numa posição cada vez mais perigosa”, avisou o responsável chinês.

Apesar dos comentários de Ma Xiaoguang, tanto o Presidente chinês, Xi Jinping, como a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, fizeram discursos relativamente conciliadores no último fim-de-semana, ainda que Xi tenha prometido que Taiwan irá voltar para o controlo chinês e que Tsai tenha dito que a ilha nunca se vergará perante Pequim.

No seu discurso, Xi não referiu a possibilidade do uso da força contra Taiwan, e Tsai reafirmou o desejo de estabelecer o diálogo com vista à paz na região.

A Presidente de Taiwan reiterou que o seu Governo “nunca recuou” perante as ameaças chinesas, mas que também “nunca respondeu de forma precipitada”.

“E também quero voltar a dizer que nunca sucumbiremos à pressão”, afirmou Tsai.

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