FMI quer mais “esclarecimentos” da investigação sobre a própria directora da instituição

Actual directora executiva do FMI, Kristalina Georgieva, exerceu antes funções no Banco Mundial e nessa qualidade está, como outros quadros, a ser alvo de inquérito sobre alegada pressão para melhorar posição da China no ranking Doing Business

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Reuters/JASON LEE

O conselho executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) solicitou “mais esclarecimentos” na investigação sobre a directora executiva da organização, Kristalina Georgieva, que foi acusada de fazer pressão para melhorar dados sobre China quando era directora geral do Banco Mundial.

“O conselho executivo continua empenhado numa análise completa, objectiva e atempada. Embora o conselho tenha feito progressos significativos na sua avaliação, concordou, na reunião de hoje [na passada sexta-feira], em procurar esclarecer mais pormenores de forma a concluir a sua análise sobre assunto muito em breve”, disse o FMI, numa declaração disponível no site oficial.

A reunião de sexta-feira do conselho executivo do FMI pretendia abordar o assunto após conversações esta semana com o escritório de advogados Wilmer Hale, autor da auditoria que desencadeou a actual cenário, e interrogando a própria Georgieva.

Wilmer Hale disse num relatório divulgado a 16 de Setembro que vários altos funcionários do Banco Mundial em 2017, entre os quais Kristalina Georgieva, fizeram pressão a partir da agência, de forma “imprópria” com o objectivo de melhorar a classificação da China na edição de 2018 do relatório Doing Business.

A alegada pressão no sentido de o relatório mostrar um desempenho melhor da China, terá sido feito numa altura em que o Banco Mundial procurava o apoio de Pequim para aumentar o seu capital.

A posição da China no relatório de 2018, publicado em Outubro de 2017, deveria ter sido sete lugares mais baixa, em 85.º lugar em vez de permanecer em 78.º, disse a agência numa revisão interna.

Como resultado destas acusações, o Banco Mundial cancelou a publicação do relatório Doing Business, um dos seus rankings mais influentes.

Kristalina Georgieva, por seu lado, veio já afirmar em declaração pública que discorda das conclusões e interpretações da investigação independente. Recorde-se que a cidadã búlgara, antiga comissária europeia, chegou a concorrer contra António Guterres, em Setembro de 2016, na corrida à liderança da ONU - Organização das Nações Unidas. Em Outubro desse ano foi nomeada directora executiva do Banco Mundial.

O FMI e o BM realizam as suas reuniões anuais na próxima semana.

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