Palla para os italianos, balón para os espanhóis

As selecções vão defrontar-se na Liga das Nações, com um lugar na final em jogo. Ambas querem ter a bola, mas, da última vez que se encontraram, só uma das equipas cumpriu essa promessa.

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Barella e Busquets tentarão ser dois dos "donos da bola" EPA/Carl Recine / POOL

Itália e Espanha jogam nesta quarta-feira, em Milão, a primeira meia-final da Liga das Nações (19h45, SPTV). Da Espanha espera-se controlo, como sempre, mas a eficácia ofensiva não tem sido de alto nível em jogos de maior dificuldade. Do lado contrário, Roberto Mancini fez renascer uma Itália pouco mais do que moribunda e fê-lo alterando o ADN da equipa campeã da Europa. A Itália defensiva e confortável em bloco baixo, é, por estes dias, a Itália dinâmica de Jorginho, Barella ou Verrati, médios que gostam de ser os “donos da bola”.

Com efeito, haverá uma equipa a querer el balón e uma a querer la palla, porque italianos a defenderem a preceito e espanhóis a monopolizarem o jogo já não são premissas cabalmente reais num duelo entre ambas – pelo menos, na teoria.

Dizemos na teoria porque o último jogo entre Itália e Espanha, no Euro 2020, com triunfo italiano nos penáltis, já tinha prometido precisamente uma formação italiana a tentar jogar. O plano, com base no que a equipa vinha a fazer, acabou por não sair do papel e foi a Espanha quem controlou a partida – com 70% de posse de bola, foi mesmo a única equipa no Europeu a impedir a Itália de jogar o seu novo futebol.

Nesta terça-feira, a Gazzetta dello Sport ilustrou precisamente este detalhe com uma promessa clara: “Ma stavolta la palla la prendiamo noi [desta vez, ficamos nós com a bola]”.

Ainda assim, ao contrário da Gazzetta, Mancini pareceu deixar em aberto a possibilidade de, desta vez, nem sequer tentar “enganar” a Espanha no seu futebol. “Não há apenas uma forma de ganhar e não se trata apenas de jogar bem. Há várias formas de ganhar”, disparou, dando a entender que, tal como acabou por ser obrigado a fazer em Wembley, não terá, em Milão, problemas em dar a bola aos espanhóis.

E também a ausência de Immobile e Belotti pode confluir nessa opção, já que é provável que a Itália vá jogar com Insigne como “falso nove” e não com um avançado capaz de segurar a bola e pedir mais ataque posicional.

No lado espanhol o domínio tido no jogo do Euro 2020 não é, por si só, uma garantia do que quer que seja. Primeiro, porque esse jogo provou que controlar o jogo não garante triunfo. Em segundo, porque desta vez até vai sem os principais pontas-de-lança (Moreno e Morata) – ainda que, neste momento, nenhum avançado espanhol seja de topo mundial. Por fim, porque os dois melhores jogadores espanhóis nessa partida, Pedri e Dani Olmo, também vão ver este Itália-Espanha no sofá.

Luís Enrique, seleccionador espanhol, desvalorizou a falta de pontas-de-lança, já que, aponta, é possível atacar sem eles. “Estou absolutamente seguro de que tenho muitos avançados nesta convocatória, mesmo que não joguem no centro. As minhas equipas vão sempre atacar e golos podem vir de várias formas”, argumentou.

Estas ausências poderão abrir espaço para o sportinguista Pablo Sarabia, que é apontado como provável titular no trio atacante da equipa espanhola ao lado de Ferran Torres e Oyarzabal.

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