La bella Italia na final do Euro 2020

A Itália já está na final do Europeu, depois de eliminar a Espanha no desempate por pontapés da marca de penálti. Inglaterra e Dinamarca lutam nesta quarta-feira pela última vaga.

Foto
Reuters/ANDY RAIN

O AS escrevia nesta terça-feira “Wembley huele a revancha [Wembley cheira a vingança]”, mas o faro do jornal, que remetia para a vingança espanhola frente à Itália, não estava apurado. Foram os italianos que garantiram nesta terça-feira a presença na final do Campeonato da Europa, deixando a Espanha a chorar no relvado do estádio de Wembley, em Londres.

O triunfo italiano no desempate por pontapés da marca de penálti (4-2, depois do 1-1 em 120 minutos) dá à selecção transalpina a presença na final de um Europeu pela terceira vez e está, agora, a apenas 90 minutos de fazer o “bis” nesta prova: até ver, só a selecção de Riva, Mazzola e Zoff, em 1968, levou o caneco para Roma.

E, 33 jogos depois, ninguém é capaz de parar esta bella Italia, que soma também 16 partidas consecutivas a vencer em Europeus (qualificação e fase final) – já é um novo recorde.

Assim, os espanhóis estarão a ver a final no sofá, depois de nunca terem parecido consistentes neste Europeu: a fase de grupos foi de altos e baixos, bem como as rondas a eliminar. E sempre com problemas de finalização.

Esta terça-feira, em Wembley, foram novamente assim: tiveram períodos de grande fulgor e boa qualidade na criação, mas finalizaram quase sempre mal. Álvaro Morata foi o herói que levou o jogo para prolongamento e o réu que falhou o último pontapé espanhol no desempate. É esta a sina do infeliz avançado.

Para a Itália resta esperar pelo outro jogo da final four deste Europeu: ingleses ou dinamarqueses, que jogam nesta quarta-feira (20h, RTP), estarão na final de Wembley, marcada para dia 11.

Mais Espanha

Em Wembley, a primeira parte teve detalhes tácticos e técnicos interessantes e, apesar de terem sistemas idênticos, as equipas tiveram comportamentos opostos. A Itália tinha prometido lutar pela bola e querer tê-la consigo, mas só cumpriu metade da promessa: lutou por ela, com um bloco de pressão bastante alto, mas nunca prolongou os ataques. A via foi quase sempre a procura da profundidade, ora pelo chão, ora pelo ar.

Do outro lado, a Espanha não tinha um bloco de pressão alto ou sequer tão intenso, mas prolongou sempre mais os ataques. E teve um factor-chave: Dani Olmo.

Luis Enrique abdicou de Morata e Moreno para este jogo, escolhendo Olmo como falso 9. O jogador espanhol esteve a jogar permanentemente em apoios frontais, bem longe dos centrais italianos, tirando-lhes referências de marcação.

O problema é que tirar a referência e o jogo físico a Bonucci e Chiellini – que tanto gostam desse registo – só faria sentido caso outros jogadores espanhóis surgissem desde trás. E isso, tirando uma boa incursão diagonal de Oyarzabal aos 12’, com passe de Pedri, foi raro.

Ainda assim, houve, claramente, mais Espanha. Mesmo sem complementarem os bons movimentos de Olmo, os espanhóis tiveram lances de finalização aos 14’, por Ferran, e aos 25’, quando mais um grande passe de Pedri encontrou Olmo. Valeu Donnarumma.

Golo de Chiesa

A segunda parte foi diferente. Os ataques pausados e pensados deram lugar a um jogo de “bola cá, bola lá”, com remates perigosos nas duas áreas.

Aos 60’, com a Espanha descompensada, Donnarumma colocou Insigne, Chiesa e Immobile em três contra três e os italianos definiram bem, como tem acontecido neste Europeu. Chiesa, do lado esquerdo, enquadrou-se para dentro e rematou em arco. Unai Simón só pôde apreciar.

Em vantagem no marcador, a Itália baixou as linhas – algo que até já vinha a fazer desde o intervalo – e a Espanha deixou de ter o que tinha tido na primeira parte: espaço para Olmo explorar atrás da primeira linha de pressão italiana.

Aos 80’, quando o jogo parecia “amarrado” ao bloco denso da Itália, um passe vertical de Laporte para Morata “partiu” a equipa italiana. Aí, com o avançado entre linhas e o meio-campo italiano batido, pouco havia a fazer.

Morata entregou a Olmo e o espanhol devolveu ao colega, que finalizou com categoria. Morata, que tem estado na berlinda, foi o herói espanhol, e Luis Enrique ganhou a aposta de nunca abdicar da magia e do critério de Dani Olmo (e também de Pedri) para colocar avançados em campo.

No prolongamento deu-se a já tradicional prudência. Os espanhóis, sempre mais fortes, controlaram a partida com bola, mas sem arriscarem demasiado, e os italianos defenderam como puderam, também em modo zero risco.

120 minutos não chegaram para desempatar italianos e espanhóis e só nos pontapés da marca de penálti é que houve solução. Morata foi um dos réus e Dani Olmo, o melhor em campo, foi o outro.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários