Carro onde seguia o principal assessor do Presidente ucraniano “atingido por mais de dez balas”

“A resposta será forte”, assegurou Zelensky, enquanto os seus colaboradores mais próximos denunciam um ataque às suas políticas e ao seu esforço para “reduzir a influência dos oligarcas” na Ucrânia.

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O President Zelenskiy (ao centro), acompanhado por Serhiy Shefir (à esquerda), depois de tomar posse, em 2019 Reuters/Valentyn Ogirenko

O principal assessor do Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky​, Serhiy Shefir, foi alvo de uma tentativa de assassínio esta quarta-feira, quando desconhecidos abriram fogo contra o carro que o transportava. Zelensky admite que o ataque pode ter sido organizado por forças “internas ou externas” e sugere que estará relacionado com o seu combate “contra o crime e contra grupos financeiros influentes”.

“O carro foi atingido por mais de dez balas. O motorista está ferido”, disse a polícia ucraniana, enquanto era posta em marcha uma operação especial para encontrar os atiradores. De acordo com Anton Guerachtchenkofuncionário do Ministério do Interior, o motorista de Shefir ficou “gravemente ferido” pelos tiros disparados a partir “da floresta com armas automáticas” e “em pleno trânsito”. Já Shefir “está vivo e de boa saúde”, mas em “estado de choque”, afirmou à AFP David Aramakhia, deputado da maioria presidencial.

O ataque aconteceu a meio da manhã, perto da localidade de Lesniki, na região de Kiev, a capital. As autoridades iniciaram uma investigação por “tentativa de assassínio”, escreveu no Facebook a procuradora-geral, Irina Venediktova.

“A resposta será forte”, assegurou Zelensky, numa mensagem gravada em Nova Iorque​. “Disparar a partir de uma floresta contra o carro de um amigo para me dizer ‘bom-dia’ é um sinal de fraqueza”, afirmou.

“Este ataque deliberado e extremamente violento com armas automáticas só pode ser qualificado como uma tentativa de assassínio de um membro-chave da equipa” presidencial, disse à Reuters outro assessor de Zelensky​, Mikhailo Podoliak.

Para Podoliak, esta acção está “claramente” associada a uma “campanha agressiva e belicosa contra a política do chefe de Estado”. Em declarações à agência de notícias Interfax-Ucrânia, Podoliak falou, em particular, dos esforços de Zelensky para “reduzir a influência dos oligarcas” na política do país e para combater os “grupos político-financeiros que trabalham com os adversários estrangeiros” da Ucrânia.

A partir de Nova Iorque, onde participa na Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente ucraniano também admitiu que este ataque pode ter sido organizado por forças “internas ou externas”, sugerindo a mesma ligação de Podoliak, ao prometer continuar a sua “luta contra o crime e contra grupos financeiros influentes”. 

O Parlamento ucraniano deve debater ainda esta semana um projecto de lei proposto pela presidência que visa precisamente reduzir a influência dos oligarcas.

Já o chefe do partido político do Presidente, Oleksandr Korniienko, disse que a Rússia pode estar por trás do ataque. “Uma pista russa não deve ser inteiramente descartada. Conhecemos as suas capacidades de organizar ataques terroristas em diferentes países”, afirmou aos jornalistas em Kiev. Em resposta, o Kremlin considerou que as sugestões de envolvimento russo “não têm nada a ver com a realidade”. A Ucrânia está envolvida desde 2014 num conflito no Leste do país contra separatistas pró-russos que Kiev diz serem apoiados por Moscovo.

Nos últimos anos, várias tentativas de assassínio, incluindo algumas bem-sucedidas, visaram políticos e jornalistas na Ucrânia. 

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