Ventoinhas gigantes que retiram CO2 do ar? As maiores do mundo estão na Islândia

Inaugurada no início de Setembro na Islândia, a Orca (palavra islandesa para energia) é a maior fábrica do mundo a retirar dióxido de carbono directamente do ar. Uma parceria com a empresa islandesa de armazenamento de carbono Carbfix permitiu desenvolver uma central com capacidade para absorver até quatro mil toneladas de CO2 por ano – o equivalente às emissões anuais de cerca de 790 carros. Com esta central, a empresa quer provar que esta tecnologia pode fazer a diferença no cumprimento das metas do Acordo de Paris no controlo do aquecimento global.

De resto, centrais de captura directa de ar como esta têm sido promovidas por líderes mundiais e corporações gigantes nomeadamente a Microsoft que procuram eliminar a sua pegada carbónica. Mas a Climaworks, responsável pela Orca, oferece também o serviço ao cidadão comum. 

"É um serviço para clientes particulares e empresariais. Por isso, chamamos aos nossos clientes pioneiros. Pioneiros na remoção de dióxido de carbono. Como um indivíduo particular, podem aceder ao nosso site, climeworks.com, e removeremos uma certa quantidade de CO2 do ar todos os meses, armazenando-o no subsolo", explicou Jan Wurzbacher, co-fundador da Climeworks. 

Há reservas,  no entanto, em relação à captura de CO2, por ser um processo dispendioso e que em si mesmo também tem uma pegada carbónica. Mas, sobretudo, porque pode apresentar-se como uma "falsa solução" para o problema na sua essência: a dependência dos combustíveis fósseis. Em Julho deste ano, nos EUA,  uma coligação de cerca de 500 grupos ambientalistas divulgou uma carta em que se opõe à tecnologia de captura de carbono como uma “distracção perigosa” em vez de uma solução climática.

"Não é uma solução mágica", admite o co-fundador da Climeworks, "mas se as soluções baseadas na natureza não são suficientes a outra grande opção são as soluçoes tecnológicas". 

De acordo com o comunicado divulgado pela empresa, a Orca consiste em oito grandes contentores – semelhantes aos utilizados na indústria naval – com filtros e ventiladores de alta tecnologia quem extraem o dióxido de carbono. O carbono isolado é então misturado com água e bombeado para o subsolo, onde lentamente se transformará em rocha. Ambas as tecnologias são alimentadas por energia renovável proveniente de uma central geotérmica próxima. Em todo o mundo, existem apenas 15 centrais capazes de fazer este processo e que são responsáveis pela captura de mais de 9000 toneladas de CO2 por ano. Com esta nova central, esse valor poderá chegar às 13 mil toneladas.

Esta reportagem integra o projecto World News Day, uma iniciativa que junta mais de 460 redacções em todo o mundo na promoção de um jornalismo credível, que dê às pessoas ferramentas que as ajudem a interpretar um mundo em constante mudança. O World News Day é uma iniciativa do Fórum Mundial de Editores e assinala-se a 28 de Setembro, este ano dedicado ao tema das alterações climáticas.