Isabela Figueiredo nomeada para Prémio Femina Estrangeiro

Caderno de Memórias Coloniais foi editado em França pelas Editions Chandeigne e integra agora a primeira selecção do prémio com títulos de outros 15 escritores.

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Isabela Figueiredo tem os seus dois livros com uma forte componente de memórias pessoais editados em vários países Nuno Ferreira Santos

A escritora portuguesa Isabela Figueiredo está nomeada para o Prémio Femina Estrangeiro, um dos mais importantes prémios literários franceses, com o livro Caderno de Memórias Coloniais, anunciou segunda-feira a Editorial Caminho.

Lançado em 2009 pela editora Angelus Novus e revisto e reeditado em 2015 pela Editorial Caminho, o Caderno de Memórias Coloniais foi editado em França pelas Editions Chandeigne e integra agora a primeira selecção do prémio com títulos de outros 15 escritores.

A edição francesa, ​Carnet de mémoires coloniales, foi traduzida por Myriam Benarroch e Nathalie Meyroune.

O livro aborda o passado colonial de Portugal e a visão que a autora tem do pai, um electricista português radicado em Moçambique, que despreza e explora os nativos.

Pelos olhos de Isabela Figueiredo, que nasceu naquele país em 1963 e teve que se mudar para Portugal nos anos 1970, no contexto da descolonização, o “melhor” ficava para os brancos, desde as praias aos eventos, passando pelas oportunidades.

O texto mistura memória, ensaio, observação pessoal e ficção e nasceu originalmente no blogue da autora, Mundo Perfeito, relatando a violência dos brancos sobre os negros, o racismo, a exclusão, os trabalhos subalternos e mal pagos que estavam reservados aos povos colonizados.

Os outros nomeados ao Prémio Femina Estrangeiro são Ahmet Altan com Madame Hayat, Najwa Barakat com Monsieur N., Jan Carson por Les lanceurs de feu, Claudia Durastanti por L'étrangère, Lucy Fricke com Les occasions manquées, Nino Haratischwili com Le chat e Mona Hovring por Parce que Vénus a frôlé un cyclamen le jour de ma naissance.

Completam a lista Robert Jones Jr. e o seu Les prophètes, Daniel Loedel com Hadès, argentine, Ariel Magnus pelo romance Eichmann à Buenos Aires, Joyce Maynard com Où vivaient les gens heureux, Leonardo Padura com Poussière dans le vent, Natasha Trethewey por Memorial drive: mémoires d'une file, Nina Wähä com o livro Au nom des miens e Philipp Weiss com Le grand rire des hommes assis au bord du monde.

O livro Caderno de Memórias Coloniais e o posterior romance A Gorda estão já publicados no Brasil, pela editora Todavia, e na Alemanha, pela editora Weidle.

O Caderno de Memórias Coloniais está ainda publicado em Espanha, pela editora Libros del Asteroide, em Itália, pela Edizzioni del Urogallo, e na Colômbia, pelas Ediciones Uniandes.

Estão ainda assinados contratos para a edição de A Gorda em Espanha para a de Caderno de Memórias Coloniais na Eslovénia.

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