Blinken diz que Ghani afirmou que lutaria até à morte, ex-Presidente afegão pede desculpa por fugir

Num comunicado publicado no Twitter, Ghani, exilado nos Emirados Árabes Unidos, garante que abandonou o país para salvar os seis milhões de habitantes de Cabul.

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HEDAYATULLAH AMID/EPA

A noite anterior a fugir do Palácio Presidencial em Cabul, Ashraf Ghani terá garantido ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que estava “preparado para lutar até à morte”. No dia seguinte fugia de helicóptero da capital afegã rumo ao exílio nos Emirados Árabes Unidos, acusado de ter levado com ele dinheiro dos cofres públicos do Afeganistão, algo que o próprio nega veementemente num comunicado divulgado hoje na sua página do Twitter.

Ghani garante que a razão da sua fuga a 15 de Agosto foi altruísta, não estava a querer salvar a sua vida perante a chegada das forças taliban a Cabul, mas queria evitar uma escalada da violência.

“Achei que era a única forma de manter as armas em silêncio e salvar os seis milhões de cidadãos de Cabul”, escreveu o ex-Presidente.

O Governo dos Estados Unidos não tem escondido o mal-estar pela forma como o Governo afegão perdeu tão rapidamente o controlo do país e arrastou os norte-americanos para uma saída caótica do Afeganistão ao fim de quase 20 anos.

Em entrevista ao canal de televisão afegão Tolo News, Blinken afirmou que Washington foi apanhado desprevenido com a saída de Ghani do país sem dar luta e que o Administração Biden não prestou nenhuma ajuda ao ex-Presidente para que fugisse.

“O que me disse, numa conversa que tivemos na noite antes de fugir, é que estava preparado para lutar até à morte”, afirmou o chefe da diplomacia norte-americana.

Ghani pediu desculpa aos afegãos por ter deixado que o seu mandato terminasse em “tragédia” e classifica como “categoricamente falsas” as informações de que teria fugido com dinheiro público, garantindo que não levou “milhões de dólares propriedade do povo afegão”.

“A corrupção é uma praga que pesou no Afeganistão durante décadas e a luta contra a corrupção foi o foco central do meu trabalho como Presidente. Herdei um monstro que não se podia derrotar fácil nem rapidamente”, garantiu.

“Desculpo-me perante o povo afegão por não ter conseguido que fosse diferente”, disse Ghani, que não adiantou quaisquer detalhes sobre a sua fuga e referiu que se pronunciará sobre o que aconteceu ao seu país “num futuro próximo”.

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