Índia corta Internet em Caxemira após morte de líder separatista

Syed Ali Shah Geelani tinha 92 anos e estava sob prisão domiciliária desde 2010. O Governo indiano impôs o recolher obrigatório e enviou tropas para a região.

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As forças de segurança indianas patrulham as imediações da residência de Syed Ali Shah Geelani depois da sua morte DANISH ISMAIL/Reuters

O principal líder pró-independência da Caxemira indiana, Syed Ali Shah Geelani, morreu quarta-feira à noite sob custódia policial. Para evitar possíveis protestos, as autoridades indianas enviaram tropas e suspenderam a Internet na região.

Geelani, de 92 anos, estava detido na sua residência em Srinagar, capital de Verão da província, desde 2010, com excepção de dois meses de liberdade em 2014. Geelani nasceu em Setembro de 1929 no norte de Caxemira, e como principal líder pró-independência da região, chefiou a Conferência Hurriyat, a frente multipartidária secessionista, até se demitir no ano passado devido a problemas de saúde.

O óbito deveu-se a vários problemas de saúde relacionados com a idade avançada, disse esta quinta-feira um dos genros do separatista, Zahoor Geelani, à agência de notícias Efe.

O filho mais novo do líder pró-independência, Syed Naseem ​Geelani, disse à Efe que as forças de segurança entraram na habitação nas primeiras horas da manhã e levaram o corpo do pai para um local desconhecido, sem que a família pudesse realizar os últimos rituais.

"As autoridades enterraram-no em segredo”, disse Naseem, que insistiu em não saber nada sobre o paradeiro do pai, uma estratégia comum entre as forças de segurança para evitar protestos ou um local onde os apoiantes se possam reunir.

Horas após a morte de Geelani, as autoridades impuseram o recolher obrigatório e cortaram o serviço de Internet em todo o Vale de Caxemira para evitar que um grande número de apoiantes de Geelani se reunisse em Srinagar para uma eventual despedida simbólica.

Uma fonte policial, que pediu para não ser identificada, confirmou à Efe que “foram impostas restrições e o serviço de Internet foi cortado para manter a paz” na região, tendo sido pedido às pessoas que ficassem nas casas e não saíssem à rua. Foram enviadas para a cidade forças indianas antidistúrbios para responder a uma possível reunião e bloquearam o acesso de várias ruas.

O destacamento de forças de segurança para o Vale do Caxemira também aumentou, naquela que é a única região de maioria muçulmana da Índia e uma das áreas mais militarizadas do mundo.

A região de Caxemira é disputada pelo Paquistão e pela Índia desde 1947, após a descolonização britânica, e três guerras e vários confrontos menores têm sido travados por causa do território. Desde 2003 que mantêm frágeis tréguas.

O Governo indiano suspendeu em 2019 a autonomia de Caxemira, onde operam grupos separatistas que defendem a independência da região ou a união com o Paquistão. Nova Deli acusa Islamabade de patrocinar estas milícias, o que o Paquistão nega.

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