Covid-19: comissão técnica diz que testes serológicos não devem servir para medir eficácia da vacina

Luís Graça explicou que “a decisão sobre a necessidade de uma terceira dose terá que ser tomada com base em dados da protecção que as vacinas continuam a manter contra a doença que é causada por esta infecção e não por dados serológicos”.

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Rui Gaudencio

O especialista Luís Graça, da Comissão Técnica de Vacinação Covid-19, defendeu esta terça-feira que a decisão da administração da terceira dose da vacina não pode estar dependente de testes serológicos, que são insuficientes para medir a eficácia das vacinas contra a covid-19. O PÚBLICO já tinha noticiado esta segunda-feira que os testes serológicos por si só não revelam se as pessoas ainda têm imunidade contra a covid-19 e por isso, de acordo com os especialistas ouvidos não devem ser usados para tomar decisões sobre uma eventual terceira dose da vacina.

“A decisão sobre a necessidade de uma terceira dose terá que ser tomada com base em dados da protecção que as vacinas continuam a manter contra a doença que é causada por esta infecção e não por dados serológicos”, afirmou o especialista em resposta aos jornalistas sobre este tema na conferência de imprensa da Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre a vacinação das crianças entre os 12 e os 15 anos, onde esteve presente a directora-geral da Saúde, Graça Freitas.

Segundo Luís Graça, membro da Comissão Técnica de Vacinação covid-19, existe “uma grande unanimidade” nas diferentes agências que se pronunciam sobre as vacinas em relação à inadequação de testes serológicos para decisões sobre a vacinação.

“Os testes serológicos não estão recomendados em Portugal nem nos outros países para ser base para a tomada de decisões sobre o estado de protecção conferido pelas vacinas contra a covid-19”, disse, sustentando que “a eficácia e a efectividade das vacinas não podem ser medidas exclusivamente” por estes testes.

Um estudo realizado por investigadores do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra revelou que a protecção contra a covid-19 cai três meses após a vacinação completa, tendo levado vários especialistas a defender a realização de testes serológicos junto de grupos populacionais que foram vacinados há mais tempo, como foi o caso dos professores e funcionários das escolas.

Luís Graça lembrou que os ensaios clínicos que foram a base da autorização da utilização das vacinas não se basearam em serologia, mas sim na eficácia das vacinas em prevenir infecções e prevenir a doença causada por essa infecção em pessoas vacinadas.

“Quer em Portugal quer em outros países há uma monitorização contínua da efectividade das vacinas que vão sendo administradas na população para verificar se existe uma perda de efectividade, que se mede com o aumento do número de infecções, e se isso deve condicionar medidas para reforçar a protecção de grupos populacionais onde esta efectividade possa estar a decair”, vincou Luís Graça.

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