Covid-19: DGS recomenda vacinação para todos os adolescentes dos 12 aos 15 anos

O universo de adolescentes entre os 12 e os 15 anos elegíveis para a vacinação contra a covid-19 é de cerca de 400 mil. Menores de 16 anos devem ser acompanhados por um tutor legal para receberem a vacina.

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LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) recomendou, nesta terça-feira, a vacinação contra a covid-19 de todos os jovens dos 12 aos 15 anos de idade. Em conferência de imprensa, Graça Freitas referiu que os mais de 15 milhões de adolescentes vacinados nos EUA e na União Europeia confirmam que episódios de miocardites e pericardites são “extremamente raros”. 

O universo de adolescentes entre os 12 e os 15 anos elegíveis para a vacinação contra a covid-19 é de cerca de 400 mil, confirmou também Graça Freitas. Mas notou que “algumas já terão tido imunidade pela doença”. Os menores de 16 anos devem ser acompanhados por um tutor legal para receberem a vacina.

Na semana passada, a DGS esclareceu que os adolescentes saudáveis não deveriam ter acesso à vacinação contra a covid-19 na fase actual. “A possibilidade de acesso de adolescentes saudáveis à vacinação não se coloca nesta fase, dado que ainda estão a ser vacinadas faixas etárias acima dos 18 anos e está a ser dada prioridade a adolescentes e jovens com comorbilidades”, explicou, então, a DGS em nota divulgada na quarta-feira.

Até agora, a autoridade de saúde tinha apenas indicado que deviam ser vacinados prioritariamente contra a covid-19 os jovens entre os 12 e os 15 anos transplantados, com doenças neurológicas e cardiovasculares, perturbações de desenvolvimento, cancros activos, diabetes e obesidade, entre outras patologias. 

DGS não avança data para início da vacinação dos jovens dos 12 aos 15 anos

Mesmo com esta actualização, a DGS ainda não avançou com uma data para a vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos, referindo que a logística dirá quando a vacinação contra a covid-19 se vai iniciar naquela faixa etária. “Não se tenha a expectativa de que é hoje que começa, hoje foi tomada a decisão técnica”, disse. 

Questionada pelos jornalistas se a vacinação se irá iniciar ainda antes do início do ano lectivo, em Setembro, Graça Freitas não se comprometeu com qualquer data e acrescentou que “se não for exactamente antes do início do ano lectivo, será nos dias a seguir”. “Se for mais uma semana ou menos uma semana, não terá um impacto negativo importante, vamos deixar agora as questões logísticas para fazerem o seu trabalho e, se for possível antes do início do ano lectivo, será, se for possível só uns dias depois, também será”, defendeu. 

Luís Graça, membro da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19 e presente na conferência de imprensa, lembrou que nesta faixa etária os efeitos da doença são pouco graves e por isso a vacinação dos jovens tem como objectivo “reduzir a transmissão do vírus” e garantir o bem-estar deste grupo etário.

O vice-almirante Gouveia e Melo, que está a coordenar a logística do processo de vacinação em Portugal, tinha alertado para a necessidade de uma decisão breve, notando que o tempo se estava a “esgotar”. Nós estamos a acabar de vacinar os jovens mais velhos do que os dos 12 aos 15, mas, mal acabemos de vacinar esses jovens, é preciso vacinar, na minha modesta opinião, a faixa etária mais nova, o mais rapidamente possível, para retirar espaço de manobra ao vírus”, disse em entrevista à Rádio Renascença. 

Ao PÚBLICO, fonte da task-fore disse nesta terça-feira que “a vacinação dos jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos está a ser planeada e será divulgada oportunamente”.

DGS afasta possibilidade de pressão política ou social e diz que decisão foi totalmente técnica

Durante as últimas semanas, Marcelo Rebelo de Sousa foi uma das vozes que se ouviram com uma posição favorável à vacinação nos mais jovens, dando até como exemplo o caso da Madeira, onde o processo já arrancou. Sobre a decisão agora tomada, Graça Freitas afasta qualquer possibilidade de pressão política ou social e garante que a decisão se prende unicamente por factores técnicos. 

“Temos de estar certos à data de que os benefícios superam os riscos e de que esses riscos são conhecidos, são controlados, são mínimos, têm um carácter benigno e uma evolução benigna, igualmente, e são extremamente raros e, portanto, há dez dias faltava-nos alguma informação, nomeadamente informação gerada na União Europeia.”

Graça Freitas defendeu ainda que a DGS preferiu aguardar uns dias para que “saíssem mais dados para consolidar” a posição quanto à vacinação dos mais jovens. “Obviamente, não estivemos surdos nem cegos a tudo o que foi sendo dito, mas, volto a dizer, a decisão foi baseada num parecer da Comissão Técnica de Vacinação”, sublinha. 

Em Maio, a Agência Europeia de Medicamentos deu luz verde à vacina da Pfizer/BioNTech para a faixa etária dos 12 aos 15 anos, considerando que a vacina “é eficaz para prevenir a covid-19”. Em Julho, foi a vez de aprovar também a vacina da Moderna para a mesma faixa etária, considerando que “a vacina é altamente eficaz para prevenir a covid-19”.

Países como os Estados Unidos da América, Canadá, Israel, Chile, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Áustria, Suíça, Lituânia, Roménia, Filipinas, China, Singapura, Hong Kong, Dubai, Emirados Árabes Unidos, San Marino são alguns dos países que já estão a vacinar jovens naquela faixa etária, em alguns casos de forma universal e noutros priorizando os jovens que integram grupos de risco. Também a Espanha e a Estónia anunciaram que vão começar a vacinar aquela população a partir de Setembro. 

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