Exposição

Uma viagem pelos primórdios do cinema francês através de 33 cartazes raros

Até Janeiro, o Museu Municipal de Faro expõe cartazes de cinema bíblico, policial, comédia, aventura e dramas sociais. Entre os ilustradores, destaca-se Cândido Faria, considerado o “pai do cartaz de cinema”.

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São 33 cartazes raros do cinema francês, de filmes bíblicos, policiais, comédias, aventuras e dramas sociais, produzidos entre 1907 e 1914. Vêm de um espólio com mais de 300 exemplares, que se encontra em processo de classificação para Tesouro Nacional. E podem ser vistos até ao próximo ano no Museu Municipal de Faro

E como chegaram aqui? Os posters foram recolhidos em salas de espectáculo em Lisboa e Porto por Joaquim António Viegas, artista e cenógrafo, nascido em Faro, em 1875, que coleccionou 141 cartazes de cinema e mais de uma centena de cartazes de circo.

O objectivo da exposição, inaugurada a 31 de Julho, é oferecer um olhar sobre a produção cinematográfica francesa, ao mesmo tempo que dá a conhecer o trabalho de ilustradores desta época. Na altura, os cinemas alugavam os filmes e eram incentivados a comprar os cartazes à produtora para ajudar a divulgá-los. Entre os ilustradores, destaca-se o artista brasileiro Cândido Faria, considerado o “pai do cartaz de cinema”, autor do primeiro poster da história do cinema.

Ao P3, Jorge Carrega, curador e comissário científico da exposição, explica que a escolha do cinema francês se deve ao peso dessa indústria na época. “A cinematografia francesa tinha uma presença muito forte nesta altura e ir ao cinema significava ir ver cinema francês”, esclarece. Por outro lado, também começaram a ganhar popularidade os dramas sociais, adaptações de obras literárias ou êxitos de teatro, também conhecidos como filmes de arte: “Neste período, os filmes de arte ganham uma importância enorme nas estratégias de produção. É aqui que o cinema se transforma numa indústria cultural.”

Segundo o curador, nos primeiros anos, o cinema funcionava como uma atracção de feira e só mais tarde passou a integrar as salas de espectáculo. “Há a emergência de uma indústria do cinema e da sua respectiva legitimação cultural enquanto espectáculo”, diz. Foi a partir deste momento que se criou o estatuto de propriedade literária e artística para reclamar os direitos de autor.

A exposição 1907-1914: A primeira era de ouro do cinema francês na colecção de cartazes do Museu Municipal de Faro” mantém-se aberta ao público até 2 de Janeiro. Para além da mostra de cartazes, está ainda prevista a exibição de filmes, conferências, oficinas e visitas guiadas.

Texto editado por Amanda Ribeiro