Manuel Alegre queria luto nacional por Otelo

Socialista argumenta que “basta” o que Otelo fez no 25 de Abril para “ter um lugar na História” - e que se Soares fosse vivo e tivesse poder a homenagem ao militar seria mesmo feita.

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NFACTOS / FERNANDO VELUDO

O histórico socialista Manuel Alegre defende que o Governo deveria declarar luto nacional pela morte de Otelo Saraiva de Carvalho. “Se Mário Soares fosse vivo e tivesse poder, decretaria luto nacional pela morte de Otelo. Acho que a morte dele merece luto nacional”, argumentou o poeta e antigo candidato à Presidência da República ao Diário de Notícias.

A decisão sobre a declaração de luto nacional, assim como a sua duração e âmbito, compete ao Governo e tem que ser promulgada pelo Presidente da República. Mas ambos, além das declarações de lamento sobre o desaparecimento de Otelo, neste domingo, aos 84 anos, não se pronunciaram sobre luto nacional.

Ao jornal, Manuel Alegre disse que domingo foi um “dia de luto para todos os portugueses que se reconhecem na liberdade e no 25 de Abril” e, apesar de toda a controvérsia em torno de Otelo, acusado de liderar as Forças Populares 25 de Abril (FP-25), o socialista defende que “basta o que o Otelo fez naquele dia, 25 de Abril, para ter um lugar na História”. E insiste: “Otelo é o homem do 25 de Abril”, rematando com um “Estou-te grato, pá!”, num trejeito que era um cunho vincado do militar.

Depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter salientado que “ainda é cedo para a história o apreciar com a devida distância”, Manuel Alegre contrapôs que para reconhecer o papel que Otelo desempenhou na libertação do país “não é preciso distanciamento nenhum. Quem se identifica com o 25 de Abril, quem gosta da liberdade sabe que o Otelo rima com esse dia, com o dia 25 de Abril, e rima com liberdade”, declarou o poeta à Agência Lusa.

“O país deve-lhe a liberdade. Esse é o bem mais precioso. O país deve-lhe, a ele e a todos os que participaram no 25 de Abril, mas a ele como coordenador operacional do movimento do 25 de Abril, e como símbolo que ele foi nesse dia do próprio 25 de Abril, deve-lhe a liberdade e deve-lhe aquilo que se seguiu que foi a democracia e a paz”, acrescentou o histórico socialista.

O velório de Otelo Saraiva de Carvalho decorre a partir das 16h30 desta terça-feira na capela da Academia Militar, em Lisboa. Na quarta-feira o cortejo fúnebre parte às 12h30 para o crematório de Cascais, em Alcabideche.

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