No final de 2022, emprego na OCDE ainda estará abaixo do nível pré-pandemia

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico diz que a “forte recuperação económica em curso” ainda não se traduziu plenamente em novos postos de trabalho.

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Efeitos da pandemia vão fazer-se sentir nas sociedades durante algum tempo Reuters/LOREN ELLIOTT

A taxa de emprego nos países da OCDE ainda vai estar abaixo dos níveis pré-pandemia no final de 2022, depois de ter havido uma perda próxima de 22 milhões de empregos no conjunto dos países da organização, foi hoje anunciado.

No Employment Outlook 2021 hoje divulgado, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) afirma que a forte recuperação económica em curso nos países da organização ainda não se traduziu plenamente em novos postos de trabalho suficientes para repor os níveis de emprego pré-pandemia na maioria dos Estados-membros.

Segundo o relatório, em 2020, perderam-se cerca de 22 milhões de empregos nos países que pertencem à organização, face a 2019, e 114 milhões em todo o mundo.

Na OCDE, apesar de uma recuperação parcial, há ainda mais de oito milhões de desempregados do que antes da crise, e mais de 14 milhões de pessoas que não procuram activamente um emprego, refere a organização, adiantando que a taxa de emprego (a percentagem de pessoas em idade activa com emprego) nos países da OCDE ainda estará abaixo dos níveis pré-pandemia no final de 2022.

As horas de trabalho em ocupações de baixa remuneração caíram mais de 28% em toda a OCDE, mais 18 pontos percentuais do que o recuo verificado entre as ocupações de alta remuneração e o número de jovens sem emprego, educação ou formação (NEET, Not in Employment, Education or Training) aumentou em quase três milhões, invertendo a tendência da última década, precisa o relatório.

No final de 2020, a taxa média NEET dos jovens de 15-29 anos de idade, de 12%, permaneceu um ponto percentual acima da do ano anterior.

A taxa de desemprego da OCDE diminuiu marginalmente em Maio para 6,6%, contra 6,7% em Abril de 2021, permanecendo 1,3 pontos percentuais acima do nível pré-pandemia observado em Fevereiro de 2020.

O número de trabalhadores desempregados na OCDE era de 43,5 milhões em Maio de 2021, mais 8,1 milhões do que em Fevereiro de 2020.

A taxa de desemprego jovem da OCDE atingiu 13,6% em Maio de 2021, tendo permanecido 2,2 pontos percentuais acima do nível pré-pandemia, afirma o relatório que destaca que há disparidades significativas entre países na dimensão do choque económico e na velocidade da recuperação, com diferenças entre Maio de 2021 e Fevereiro de 2020, com taxas de desemprego que variam entre mais de quatro pontos percentuais em alguns países (por exemplo, Colômbia e Costa Rica) e perto de 0 pontos noutros (por exemplo, Austrália e França).

“Será muito importante conseguir um enquadramento político adequado para encorajar o investimento empresarial e a criação de emprego, bem como para conduzir a necessária requalificação, qualificação e adequação de competências necessárias para assegurar que todos tenham a melhor oportunidade possível de participar e beneficiar da recuperação”, disse o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, ao lançar o relatório em Paris.

“À medida que os governos implementam os seus planos de recuperação, é essencial continuar a apoiar as famílias mais necessitadas e, ao mesmo tempo, orientar melhor as medidas de política orçamental destinadas a impulsionar o crescimento para empresas e empregos que tenham um futuro viável no novo ambiente pós-covid, proporcionando os incentivos certos para o investimento empresarial que conduza à restauração e criação de mais novos empregos”, afirmou.

“Retirar o apoio demasiado cedo arriscar-se-ia a pôr em risco a recuperação. Os custos a curto prazo das medidas de apoio fiscal podem ser reduzidos através do reforço do direccionamento para os sectores mais vulneráveis, empresas e famílias, ao mesmo tempo que se fomenta a criação de novas empresas e de emprego”, afirmou.

O mercado de trabalho continua também vulnerável a uma rápida acumulação de desemprego de longa duração, já que muitos dos que perderam o emprego nas primeiras fases da pandemia têm estado desempregados desde então e podem ter cada vez mais dificuldade em competir com aqueles cujos empregos foram anteriormente protegidos, afirma o relatório.

No auge da crise, os esquemas de manutenção de emprego apoiaram aproximadamente 60 milhões de postos de trabalho, mais de dez vezes mais do que durante a crise financeira, e salvaram até 21 milhões de postos de trabalho, tendo ajudado a limitar o aumento do desemprego em muitos países, não havendo qualquer indicação de que tenham tido até agora um impacto adverso significativo na criação de emprego, afirma o relatório.

A OCDE defende que o apoio deve agora ser direccionado para sectores ainda atingidos por restrições de distanciamento social e que a concepção de outros esquemas deveria ser ajustada para promover a recuperação e os existentes serem eventualmente eliminados, diz o relatório.

O aumento do investimento em políticas activas do mercado de trabalho será fundamental para ajudar os trabalhadores a encontrar emprego, afirma a OCDE, sublinhando que as políticas de activação devem ser alargadas para fornecer apoio e os governos devem integrar melhor os serviços de emprego e formação e individualizar o apoio para aumentar a sua eficácia.

O investimento em políticas de competências eficazes é essencial para ajudar as empresas, as empresas em fase de arranque, bem como os trabalhadores a lidar com transições para ocupações e sectores com elevado potencial de crescimento, incluindo os que dependem de tecnologias verdes, defende a organização, sublinhando que devem ser feitos mais esforços para promover uma cultura de aprendizagem ao longo da vida e ligar a formação a indivíduos e não a empregos.

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