Lítio: Galp e Savannah deixam cair acordo na Mina do Barroso

Empresa britânica diz que tem recebido muitas manifestações de interesse e revela que o contrato de exclusividade com a petrolífera expirou. Galp está a “analisar diversos projectos e possíveis parcerias” para o negócio das baterias.

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Adriano Miranda

O acordo celebrado entre a Savannah e a Galp para a Mina do Barroso, onde a primeira empresa tem um projecto para a exploração de lítio, anunciado a 12 de Janeiro, está sem efeito. Num comunicado enviado ao mercado, a empresa britânica refere que o memorando de entendimento (HoA, na sigla em inglês) assinado com a petrolífera portuguesa “expirou” e que “as discussões em relação ao investimento estratégico e [acordos de fornecimento] offtake continuarão com a Galp fora dos termos de exclusividade do HoA”.

De acordo com o comunicado assinado pelo CEO da empresa, David Archer, a Savannah tem recebido muitas manifestações de interesse, tanto no projecto da Mina do Barroso, como na empresa propriamente dita, e que nem sempre “há exigências de entrega de concentrado de espodumena”. O CEO da empresa refere que no último ano o preço do concentrado de espodumena subiu cerca de 80%. 

O concentrado de espodumena é a matéria-prima que a Savannah se propõe produzir em Boticas, a partir dos minerais a extrair de minas a céu aberto, e que precisa de atravessar um processo químico de refinação, para produzir carbonato ou hidróxido de lítio num processo que culminará na produção de baterias.

Recorde-se que no acordo anunciado em Janeiro, a Galp anunciava que iria pagar 6,4 milhões de dólares (5,2 milhões de euros) para ficar com a participação de 10% na subsidiária portuguesa da Savannah que controla a Mina do Barroso. E a Savannah comprometia-se a fornecer até 50% do concentrado de espodumena que pretende produzir em Boticas.

A petrolífera agora liderada por Andy Brown dizia que iria participar na gestão do projecto e partilhar a sua “experiência significativa no desenvolvimento de projectos de matérias-primas de larga escala em Portugal”. Mas recusou sempre, até agora, pelo menos, a intenção de avançar com a construção de uma refinaria de lítio.

Questionada sobre o fim do acordo com a Savannah, a Galp afirmou que continua “fortemente empenhada em garantir a possibilidade de implementação de uma cadeia de valor das baterias em Portugal e na Península Ibérica”.

A empresa diz estar a “analisar diversos projectos e possíveis parcerias, incluindo opções que permitam assegurar o acesso a matéria-prima produzida de forma económica e ambientalmente sustentável”.

A Mina do Barroso inclui-se “na lista de projectos potencialmente relevantes para o desenvolvimento” desta cadeia de valor, acrescentou a petrolífera.

O projecto de exploração da Mina do Barroso está actualmente em consulta pública, tendo mesmo o prazo sido prorrogado por mais 30 dias, como haviam pedido autarcas e moradores – terminando agora a 16 de Julho

No comunicado enviado ao mercado, a Savannah refere que tem em aberto “muitas opções estratégicas” e que o facto de ter conseguido, no aumento de capital de Abril, angariar 10,3 milhões de libras (cerca de 12 milhões de euros) lhe permite “avançar de forma independente o trabalho de estudo de viabilidade definitiva na Mina do Barroso”. De acordo com a empresa, existe a intenção de alavancar o “elevado interesse comercial que existe em torno do lítio da Mina do Barroso” para criar uma plataforma económica forte que possa “apoiar o desenvolvimento do projecto”

Entre as opções estratégicas que está a avaliar estão “contratos de offtake [contratos de fornecimento como o que tinha assinado com a Galp] alternativos ou complementares”, contratos estes que implicam ou não investimento dos offtakers no projecto ou na empresa. Com Ana Brito

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