Entidades que organizaram a final da Liga dos Campeões “cumpriram o seu papel”, diz DGS

Graça Freitas encabeçou um conjunto de entidades que, em conferência de imprensa, fizeram um balanço positivo da organização da final da Liga dos Campeões, disputada este sábado no Porto.

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Milhares de adeptos ingleses encheram as ruas do Porto, sem respeito pelo uso de máscara ou distanciamento social. Rui Oliveira

A directora-geral da Saúde preferiu não comentar as críticas de diversas personalidades, ligadas nomeadamente ao mundo do desporto, que acusam as autoridades nacionais de dualidade de critérios na aplicação das regras de controlo sanitário por causa da pandemia. Em causa está a tolerância para com o comportamento das dezenas de milhares de visitantes ingleses que encheram a cidade do Porto nos últimos dias para assistir à final da Liga dos Campeões.

Ao invés, Graça Freitas optou por sublinhar que o país se encontra cada vez mais próximo de ultrapassar a crise pandémica e pediu aos portugueses um pouco “mais de paciência” para manter a aplicação das medidas sanitárias durante os próximos meses, sublinhando que o “vírus vai tornar-se provavelmente residente, endémico”.

De acordo com a directora-geral, embora a “maior parte das pessoas no estádio” tenha cumprido as regras, é necessário que aqueles que eventualmente contactaram com os adeptos incumpridores estejam atentos ao aparecimento de sintomas. A Autoridade Regional de Saúde do Norte, adiantou ainda, poderá incluir medidas específicas para os trabalhadores da restauração e turismo no seu plano de testagem.

À autoridade portuguesa em matéria de saúde coube apenas emitir “pareceres de boas práticas”, justificou Graça Freitas. Foram feitos 5600 testes a trabalhadores e adeptos, dos quais resultou o isolamento de três pessoas (duas por contágio, uma por ter tido um contacto de risco). O “plano de contingência” submetido pela Federação Portuguesa foi considerado suficientemente robusto e a DGS conclui, em jeito de balanço, que as entidades envolvidas na organização do evento “cumpriram o seu papel”.

Do ponto de vista da segurança, Paula Peneda, a superintendente do comando metropolitano do Porto da PSP, desmentiu qualquer pedido emanado do Ministério da Administração Interna para que o corpo de intervenção se abstivesse de carregar sobre os adeptos ingleses, como foi noticiado pelo Expresso esta segunda-feira, deixando claro que “essa ordem não poderia ser dada”.

O balanço da presença dos adeptos britânicos no Porto durante os últimos dias cifra-se em quatro detenções, duas por agressão e outras duas por contrafacção. Os detidos foram presentes ao juiz na tarde desta segunda-feira. Há ainda a registar o ferimento de um polícia que teve tratamento hospitalar. A superintendente classificou a operação policial de “elevada complexidade”, garantindo que “apenas pontualmente foi necessário intervir em escaramuças de adeptos” e que essas “situações foram rapidamente sanadas”.

Tanto a directora-geral da Saúde como as diversas entidades presentes fizeram questão de elogiar o papel da Polícia de Segurança Pública e realçaram a inexistência de problemas significativos do ponto de vista da segurança. O município diz não ter existido “qualquer problema a assinalar” nas zonas reservadas aos adeptos (fanzones), nos Aliados e na Alfândega, espaços que foram identificados e disponibilizados pela autarquia. A Associação de Comerciantes do Porto considera que o “evento decorreu de forma ordeira”, classificando-o como um “exemplo de como se controlam as massas”, enquanto Inácio Ribeiro, vice-presidente do Turismo do Porto e Norte, informou “não ter registo de qualquer perturbação em termos turísticos”.

Os representantes do sector económico fizeram ainda um balanço positivo do evento. O Turismo Porto e Norte assegurou que as entidades hoteleiras tiveram uma ocupação na ordem dos 75%, com uma média de 2/3 de pernoitas. Já a ACP garante ter auscultado os comerciantes e que estes expressaram uma percepção muito positiva dos turistas ingleses que visitaram a cidade. “Esperemos que haja muitos mais eventos como este a decorrer na cidade, que é disso que os comerciantes estão a precisar”, afirmou o presidente da entidade, Joel Azevedo.

Texto editado por Sónia Sapage

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