Jimmy Lai condenado a mais 14 meses em Hong Kong

O magnata dos media e mais sete activistas foram condenados pela participação numa manifestação pró-democracia em 2019 que coincidiu com o Dia Nacional da China.

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Dois dos activistas pró-democracia, à esquerda Sin Chung-kai e à direita Richard Tsoi falam aos jornalistas depois do julgamento MIGUEL CANDELA/LUSA

O magnata dos media de Hong Kong e um dos principais líderes do movimento pró-democracia na cidade, Jimmy Lay, foi condenado esta sexta-feira a uma nova pena de 14 meses, pelo seu papel numa manifestação não autorizada a 1 Outubro de 2019. Mais sete activistas foram sentenciados no mesmo julgamento com uma pena até 18 meses.

O fundador do jornal Apple Daily, detido em Dezembro, é considerado um dos maiores críticos da interferência de Pequim no território semi-autónomo da China. A nova pena soma-se aos 14 meses que já está a cumprir, por participar em manifestações semelhantes em Agosto de 2019.

A juíza que presidiu ao julgamento, Amanda Woodcock, esclareceu que parte da nova sentença será cumprida consecutivamente, o que significa que Jimmy Lai vai cumprir 20 meses.

Juntamente com os sete activistas, Lai foi condenado pelo seu envolvimento no protesto pró-democracia de 1 de Outubro de 2019, uma das centenas de manifestações contra Pequim em 2019, que coincidiu com o Dia Nacional da China. A manifestação resultou em vários confrontos entre os manifestantes e a polícia. Um participante foi baleado à queima-roupa.

Woodcock salientou que, apesar dos arguidos terem apelado a uma “procissão pacífica e não violenta”, seria “ingénuo e irrealista considerar que o apelo seria suficiente para garantir que não haveria violência”.

Duas semanas antes, as autoridades congelaram os bens de Lai, incluindo as suas contas bancárias e 71,26% da sua participação no grupo Next Digital. De acordo com a Reuters, o chefe de segurança de Hong Kong enviou cartas a Lai e às suas divisões nos bancos HSBC e Citibank, ameaçando com sete anos de prisão qualquer tentativa de interferência nas contas bancárias do empresário localizadas no território.

O magnata enfrenta mais duas acusações, incluindo o alegado conluio com forças estrangeiras, ao abrigo da lei de segurança nacional, introduzida em 2020 para responder aos protestos. A lei criminaliza quaisquer manifestações da oposição e prevê sentenças mais duras, incluindo a prisão perpétua.

Mais nove activistas foram condenados esta sexta-feira, entre eles Leung Kwok-hung, Albert Ho, Lee Cheuk-yan e Figo Chan. Kwok-hung e Cheuk-yan já estão detidos e vão cumprir as penas consecutivamente. Juntam-se às mais de 2500 pessoas condenadas por terem participado nos protestos de 2019. Outros dois activistas tiveram as penas suspensas. 

“Durante 40 anos lutei pela reforma democrática na China”, disse Lee Cheuk-yan durante uma das sessões que decorreu esta semana. “Este é o meu amor não correspondido”, lamentou.

O activista Tsang Kin-shing, que esteve presente no julgamento, condenou a sentença: “Estamos todos cercados numa cidade-prisão onde a liberdade de expressão não é permitida”, disse à Reuters.

A sentença foi dada uma semana antes do aniversário do massacre de Tiananmen, cuja vigília foi novamente cancelada sob o pretexto da segurança sanitária, apesar de terem sido permitidos outros eventos nos últimos dias, refere o Guardian.

Também esta semana foi aprovada uma nova emenda ao sistema eleitoral que reduz o acesso ao voto, aumentando ao mesmo tempo o número de deputados pró-Pequim.

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