Emma Stone: “Há qualquer coisa na Cruella que é aliciante”

A nova versão de Cruella segundo Emma Stone, que interpreta a personagem no próximo filme da Disney, mostra como uma personagem que não é aspiracional pode ser atraente, disse a actriz, numa conferência de imprensa em Los Angeles.

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Reuters/Mario Anzuoni

“Há qualquer coisa na Cruella que é aliciante, ela é quem é, totalmente personificada”, afirmou a actriz, que também serviu como produtora executiva na prequela. Entre a jovem designer Estella e o seu alter ego que acaba por se tornar dominante, Emma Stone disse preferir Cruella.

Considerando que este é um filme “mais sombrio” do que aquilo a que a audiência está habituada a ver na Disney, a actriz disse que a película explora a dicotomia entre o que é inato e o que é adquirido na natureza humana.

“As suas fraquezas, como volatilidade e reactividade, tornaram-se forças através da sua criatividade e genialidade. Penso que este é um filme sobre como as nossas fraquezas se tornam pontos fortes”, afirmou Emma Stone, que venceu o Óscar de Melhor Actriz por La La Land em 2017.

“Mas esta não é necessariamente uma personagem aspiracional”, avisou, “salvo no facto de que aproveita a sua criatividade de uma forma decisiva e aprendeu a aceitar quem é de forma inata”.

A história de Estella (que mais tarde se torna Cruella) contada no filme situa-se nos anos 70 do século XX, em Londres, quando o movimento punk estava a assomar-se em toda a sua glória.

A audiência verá como uma jovem designer, com paixão pela moda e dois amigos que são família, se transformará na terrível vilã interpretada por Glenn Close nos filmes Os 101 Dálmatas, de 1996, e Os 102 Dálmatas, de 2000​. Close é, inclusive, uma das produtoras executivas do novo filme.

A personagem original Cruella de Vil enfia-se por caminhos muito sombrios, e eu não diria que isso é uma coisa positiva”, frisou Emma Stone.

Na produção realizada por Craig Gillespie, a antagonista de Estella/Cruella é a super designer de luxo Baronesa, encarnada por Emma Thompson. “Diverti-me muito a interpretá-la”, afirmou Thompson na conferência de imprensa. “Andava há anos a pedir para ser uma vilã como deve ser.”

Descrevendo a Baronesa como uma mulher dura, a actriz salientou que é pouco frequente haver papéis assim no grande ecrã. “Estou muito interessada no lado sombrio de uma personagem feminina, porque raramente isso é permitido. É suposto sermos todas simpáticas e boas, não é? E más mães então são simplesmente imperdoáveis.”

A actriz traçou um paralelo entre o carácter “mau e narcisista” da Baronesa e várias pessoas que já encontrou no mundo do espectáculo. “Descobri que fazer de má foi muito fácil”, afirmou. “A Baronesa é uma mistura de todo o tipo de pessoas. Ela é muito venal, mas a sua ganância é apenas para si própria. Não admite que qualquer outra pessoa tenha sucesso”, descreveu Thompson.

“Parece ter uma forte personalidade, mas na verdade é fraca e contém dentro de si as sementes da sua própria destruição”. Thompson chamou a atenção para o facto de todas as façanhas no filme serem reais e disse que se identificou com a era em que a acção se passa, já que ela própria vivia em Londres nos anos setenta.

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Emma Thompson REUTERS/Mario Anzuoni

A actriz inglesa, que tem em casa dois Óscares da Academia, falou também do papel importante que o guarda-roupa teve na construção desta personagem maligna. “Os vestidos é que me usaram”, gracejou, comparando as complexas vestimentas criadas por Jenny Beavan (vencedora do Óscar em 2016 por Mad Max) a “armações de navio”.

“Havia pessoas a puxarem cordas. Ir à casa de banho era difícil e envolvia toda uma equipa”, revelou. “Os sapatos também foram um desafio, porque não uso nada mais alto que chinelos na vida real”.

A personagem de Emma Thompson é crucial para o aparecimento de Cruella e da sua sede de vingança, afastando-se cada vez mais da sonhadora Estella. Para Emma Stone, isso permite ao espectador enveredar por uma perspectiva diferente do que é esta conhecida vilã.

“Por muito que ela seja a Cruella dos 101 Dálmatas, de certa forma não o é”, explicou. “Porque pegámos nesta personagem e criámos uma história inteiramente nova.”

Emma Stone contou como a ideia surgiu e demorou vários anos a tomar forma, tendo ela estado envolvida na construção da história e da personagem, praticamente desde o início. “Eles deixaram mesmo o Craig [Gillespie] e o Tony [McNamara] fazerem o filme que queriam fazer”, contou a actriz. “É mais sombrio do que qualquer coisa que eu tenha visto a Disney fazer há um bom tempo.”

Cruella, que também conta com Joel Fry, Paul Walter Hauser, Emily Beecham e Kirby Howell-Baptiste, entre outros, estreia-se nos cinemas a 28 de Maio, ficando disponível no Disney+ Premier Access até Agosto.

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