O dia em que Bob Dylan faz 80 anos

Robert Zimmerman, o homem que viria a ser conhecido como Bob Dylan e ganhar o Nobel da Literatura em 2016, nasceu a 24 de Maio de 1941 em Duluth, no Minnesota.

Bob Dylan a actuar nos Critics' Choice Movie Awards em Janeiro de 2012
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Bob Dylan a actuar nos Critics' Choice Movie Awards em Janeiro de 2012 REUTERS/Mario Anzuoni
Bob Dylan nos Grammy de Fevereiro 1998, a cantar <i>Love Sick</i> ao pé de um protestante
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Bob Dylan nos Grammy de Fevereiro 1998, a cantar Love Sick ao pé de um protestante Gary Hershorn/Reuters
Antes de ser honrado pelo Kennedy Center, Dylan aperta a mão de Bill Clinton, à altura presidente, em 1997
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Antes de ser honrado pelo Kennedy Center, Dylan aperta a mão de Bill Clinton, à altura presidente, em 1997 Larry Downing/Reuters
Bob Dylan actua no Tirol, Áustria, em 1999
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Bob Dylan actua no Tirol, Áustria, em 1999 REUTERS/Stringer/Files
O Papa João Paulo II aperta a mão de Bob Dylan, que apesar de ter nascido judeu tornou-se cristão renascido no final dos anos 1970, tocou para ele em 1997
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O Papa João Paulo II aperta a mão de Bob Dylan, que apesar de ter nascido judeu tornou-se cristão renascido no final dos anos 1970, tocou para ele em 1997 REUTERS/Vatican
Bob Dylan a actuar com Willie Nelson em 2004
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Bob Dylan a actuar com Willie Nelson em 2004 Robert Galbraith/Reuters
Em 2004, Dylan recebeu um doutoramento em música da Universidade de St Andrews, na Escócia
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Em 2004, Dylan recebeu um doutoramento em música da Universidade de St Andrews, na Escócia REUTERS/David Cheskin
Singer Bob Dylan performs during a segment honoring Director Martin Scorsese, recipient of the Music+ Film Award, at the 17th Annual Critics' Choice Movie Awards in Los Angeles January 12, 2012.
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Singer Bob Dylan performs during a segment honoring Director Martin Scorsese, recipient of the Music+ Film Award, at the 17th Annual Critics' Choice Movie Awards in Los Angeles January 12, 2012. Mario Anzuoni/Reuters
Em 2012, Barack Obama distinguiu Dylan com a Medalha Presidencial da Liberdade
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Em 2012, Barack Obama distinguiu Dylan com a Medalha Presidencial da Liberdade Jason Reed/Reuters
Dylan, o ex-presidente Jimmy Carter e o presidente da Academia Nacional de Artes e Ciências da Gravação, que entrega os Grammy, Neil Portnow, num tributo ao músico em 2015
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Dylan, o ex-presidente Jimmy Carter e o presidente da Academia Nacional de Artes e Ciências da Gravação, que entrega os Grammy, Neil Portnow, num tributo ao músico em 2015 REUTERS/Mario Anzuoni
Dylan actua no festival Firefly, em Dover, Delaware, em 2017
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Dylan actua no festival Firefly, em Dover, Delaware, em 2017 Mark Makela/Reuters

Robert Zimmerman nasceu a 24 de Maio de 1941 em Duluth, no Minnesota. Cresceu a idolatrar o rock'n'roll de gente como Elvis Presley ou Little Richard e a tocar em bandas de rock. Em 1960 rumou a Nova Iorque, para junto da cena folk e, aos 21 anos, já com o nome mudado para Bob Dylan, lançou o seu primeiro álbum, um disco homónimo de folk, blues e gospel que ainda não o mostrava como o lendário escritor de canções em que haveria de se tornar e que lhe valeria em 2016 um Prémio Nobel da Literatura.

Foi só em 1963, com The Freewheelin’ Bob Dylan, que mostrou o que valia na composição, com temas como Blowin’ in the Wind, que se tornou um hino dos direitos civis e foi alvo de várias versões, A Hard Rain's a-Gonna Fall ou Don't Think Twice, It's All RightThe Times They Are a-Changin' trouxe o tema homónimo e era ainda mais virado para a política e as questões sociais. O seu sucessor, Another Side of Bob Dylan, de 1964, deixou essa faceta de lado. Já na altura se notava a sua propensão para inventar histórias não só em canções, mas também sobre ele próprio em entrevistas, numa relação de puro gozo com a imprensa.

Rápido e prolífico

Em 1965, como cabeça de cartaz do Newport Folk Festival, que tinha começado em 1959 em Rhode Island, Dylan tocou com uma guitarra eléctrica pela primeira vez desde o liceu, acompanhado por uma banda de rock/blues. Foi apupado, algo que continuou em vários concertos à volta do mundo. Em Manchester, Inglaterra, alguém no público o apelidou de “Judas”, ao que ele respondeu que não acreditava e que o seu fã estava a mentir. Em 1972, realizou um documentário, uma média metragem, Eat the Document, sobre essa digressão no Reino Unido. Sempre rápido e prolífico, essa foi a época de temas como Like a Rolling Stone, uma canção de seis minutos, e álbuns como Bringing It All Back Home, Highway 61 Revisited e Blonde on Blonde, lançados no período de pouco mais de um ano entre 1965 e 1966.

Nesse mesmo ano de 1966, Dylan teve um acidente de moto e retirou-se dos concertos, só voltando à estrada sete anos depois. Gravou discos como John Wesley Harding ou Nashville Skyline, mais country, e regressou à forma no clássico Blood on the Tracks, de 1975, e depois tornou-se, ele que tinha nascido judeu, cristão renascido. No final dos anos 1980, e ao lado de George Harrison — cujos Beatles descobriram a marijuana porque Dylan lhes mostrou —, Jeff Lynne, Roy Orbison e Tom Petty.

No cinema, foi actor em filmes como Duelo na Poeira, de Sam Peckinpah, em 1973, do qual também fez a banda sonora, e em Hearts of Fire, de Richard Marquand, em 1987. Foi também alvo de dois documentários de Martin Scorsese, No Direction Home, de 2005, e Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story (que tem muito de ficção), de 2019, e um biopic de Todd Haynes em que vários actores (de Cate Blanchett a Heath Ledger, passando por Richard Gere e Christian Bale) fazem de Dylan em diferentes fases da carreira, I'm Not There - Não Estou Aí, de 2007. Já tinha aparecido no documentário/filme-concerto The Last Waltz, de Dylan, sobre o último concerto da The Band, colaboradores do músico, como um dos convidados em palco, e em 1978 realizou e co-escreveu, com Sam Shepard, o filme Renaldo and Clara, sobre a Rolling Thunder Revue, uma digressão que fez entre 1975 e 1976 e também serve de base ao segundo filme de Scorsese sobre ele. Também co-escreveu e protagonizou Masked and Anonymous, comédia de Larry Charles, em 2003.

Voltou ao rock que o caracterizava em 1997, com Time Out of Mind. Foi sempre continuando a gravar e a tocar, sendo o seu mais recente disco, Rough and Rowdy Ways, do ano passado — Murder Most Foul, um single de quase 17 minutos sobre o assassínio de John F. Kennedy retirado do álbum, valeu-lhe o primeiro número 1 da Billboard em 60 anos de carreira. Passou por Portugal mais recentemente na Altice Arena, em Março de 2018, e no Coliseu do Porto em Maio de 2019.

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