BBC prepara-se para revelar se Diana foi enganada por um jornalista da empresa

Resultado da investigação à polémica entrevista da BBC à princesa Diana, na sequência de acusações de que o jornalista Martin Bashir terá recorrido a falsidades para conseguir o exclusivo, deverá ser conhecido esta quinta-feira.

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Diana conversou com Martin Bashir em 1995 © Pool Photograph/Corbis/Corbis via Getty Images

“Estava apaixonada”, respondeu Diana de Gales à pergunta “Foi infiel?” do jornalista Martin Bashir, durante uma longa entrevista para o programa Panorama, da BBC, vista na época por cerca de 20 milhões de pessoas.

Além de ter admitido publicamente uma relação extraconjugal com o instrutor de equitação, James Hewitt, Diana falou das infidelidades de Carlos — “Havia três neste casamento, era gente a mais”, numa alusão a Camilla Parker-Bowles, que viria a casar com o herdeiro da coroa —, da bulimia e das depressões que sofreu.

Foi o ponto final no conto de fadas iniciado em 1981, quando 750 milhões de pessoas em todo o mundo acompanharam, pela televisão, a boda real: um ano depois, era oficializado o divórcio.

No entanto, aquilo que se acreditou, durante anos, ter sido resultado da vontade da princesa em partilhar o seu lado da história (sobretudo porque Carlos já tinha feito confissões do mesmo género um ano antes), foi recentemente apontado como uma armadilha, montada por Martin Bashir.

A acusação foi feita pelo irmão de Diana, Charles Spencer, que disse terem sido utilizados documentos falsos e “outras mentiras” para convencer a princesa a conversar com Bashir. Facto é que, na época, a entrevista foi recebida com grande surpresa, uma vez que o jornalista em causa era um desconhecido e não tinha qualquer historial ou contactos com a família real britânica.

O conde Spencer alega que Bashir conseguiu que a sua irmã concordasse dar a entrevista depois de ter afirmado que ela estava a ser alvo de escutas por parte dos Serviços Secretos britânicos e que dois dos seus assistentes estavam a ser pagos para fornecer informações sobre si. Mais: para suportar as suas afirmações, o jornalista terá apresentado extractos bancários falsos.

Assim que o tema chegou à praça pública, em Novembro, a BBC iniciou uma investigação, liderada pelo antigo juiz John Dyson. Na altura, os dois filhos de Diana, os príncipes William e Harry, saudaram a investigação como uma oportunidade de descobrir o que de facto aconteceu em 1995.

O jornal Daily Telegraph, num artigo exclusivo citado pela Reuters, avança que o relatório, que deverá ser conhecido esta quinta-feira, conclui que Martin Bashir empregou métodos desonestos, além de criticar os patrões da BBC da época.

Na semana passada, a BBC anunciou que Martin Bashir iria abandonar o cargo actual de editor de assuntos religiosos do organismo de radiodifusão financiado por fundos públicos devido a problemas de saúde. Segundo a Reuters, o jornalista escusou-se a prestar qualquer esclarecimento.

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Diana Spencer foi um dos mais populares membros da família real, tendo sido até baptizada com o epíteto de “princesa do povo”. Foi considerada “a mulher mais fotografada do mundo”, nomeada como a terceira maior personalidade britânica de todos os tempos e uma das pessoas mais importantes do século XX pela revista Time.

Já divorciada, mantinha um relacionamento romântico com o milionário egípcio Dodi Al-Fayed, filho de Mohamed al-Fayed e então herdeiro da cadeia de lojas Harrods, quando, às primeiras horas do dia 31 de Agosto de 1997, após um jantar no Ritz de Paris, os dois entraram no carro em direcção ao apartamento de Al-Fayed. O condutor, que a investigação determinou estar embriagado, acabou por perder o controlo da viatura, a limusine Mercedes-Benz W140, no túnel da Ponte de l'Alma, quando seguia em excesso de velocidade para escapar às câmaras fotográficas dos paparazzi, que os perseguiam — e que terão continuado a captar imagens imediatamente após o acidente.

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O acidente que vitimou a princesa Diana, a 31 de Agosto de 1997, ocorreu no túnel sob a Ponte de l'Alma REUTERS/Emmanuel Fradin

Diana, Dodi Al-Fayed e o condutor morreram; apenas sobreviveu, com ferimentos graves, o guarda-costas dos dois, Trevor Rees-Jones, que era o único que tinha o cinto de segurança posto.

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