Andrei Konchalovsky parece longe dos tempos de maior fama internacional. Aquela passagem por Hollywood nos anos 80, se teve alguns pontos altos (Os Amantes de Maria, Comboio em Fuga), ter-lhe-á danificado a reputação, que nunca mais foi a mesma desde o final da década de 70, momento em que (sobretudo por um filme como Siberiade, grande sucesso internacional) Konchalovsky representava — com o irmão Nikita Mikhalkov e alguns outros — a primeira linha de um “novo cinema” soviético ou, liminarmente, russo. Quase tudo o que fez depois da sua aventura americana, e do regresso à Rússia pós-URSS, viveu numa certa palidez quando comparado com o poder de atracção que o seu nome tinha nesses outros tempos. Faltam-nos instrumentos para saber o que representa Konchalovsky dentro da Rússia contemporânea, e como é que os russos o vêem (sabendo-se que o irmão Nikita se tornou uma das figuras mais poderosas, e mais próximas do poder, do cinema dessa nova Rússia), mas a impressão que dá é que soube preservar uma dose de independência (a acreditar no genérico de Caros Camaradas!, é produtor de si próprio), e uma margem de liberdade para ir alinhando filmes pessoais, com uma relação crítica (ainda que ambígua, para não dizer enigmática) com o presente e o passado do seu país.
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