Beber café ajuda ao controlo motor e aumenta níveis de atenção

Trabalho da Universidade do Minho encontrou diferenças no cérebro em quem bebe café com regularidade. Com surpresa, essas diferenças também foram notadas após o consumo de um copo daquela bebida por quem não tem esse hábito.

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"Esta é a primeira vez que o efeito de beber café regularmente tem na nossa rede cerebral é estudado com este nível de detalhe", sublinha o estudo Unsplash/Nathan Dumlao

Um investigador da Universidade do Minho concluiu que consumidores de café têm melhor controlo motor, maiores níveis de atenção e alerta e que a cafeína tem “benefícios na aprendizagem e na memória”, divulgou nesta terça-feira aquela instituição.

Em comunicado, a Universidade do Minho aponta que o estudo, liderado pelo investigador do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) Nuno Sousa e publicado na revista Molecular Psychiatry, “oferece uma perspectiva única nas mudanças estruturais e de conectividade que ocorrem no cérebro de quem bebe café regularmente”.

O também presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho percebeu que, quando em repouso, quem bebe café com regularidade tem “um reduzido grau de conectividade em duas áreas do cérebro (conhecidas como pré-cuneus direito e insular direito), indicando efeitos como uma melhoria no controlo motor e nos níveis de alerta (ajudando na reacção ao estímulo) em comparação com quem não bebe café”.

A investigação encontrou “padrões de maior eficiência noutras áreas do cérebro, como o cerebelo”, consistentes com efeitos “como a melhoria do controlo motor” e “uma maior actividade dinâmica em várias áreas do cérebro”, a que se junta “uma notória melhoria” na aprendizagem e na capacidade de memória.

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O investigador Nuno Sousa DR

“Esta é a primeira vez que o efeito de beber café regularmente tem na nossa rede cerebral é estudado com este nível de detalhe. Fomos capazes de observar o efeito do café na estrutura e na conectividade funcional do nosso cérebro, bem como as diferenças entre quem bebe café regularmente e quem não bebe em tempo real. Estas conclusões podem, pelo menos em certa medida, ajudar a oferecer uma visão mecanicista para alguns dos efeitos observados”, explica no comunicado Nuno Sousa.

As diferenças no cérebro, observadas em quem bebe café regularmente, foram também notadas após o consumo de um copo daquela bebida por quem não tem o seu consumo como hábito: “Este indicador é surpreendente; demonstrou uma capacidade do café em impor mudanças em curtos períodos e torna o café o gatilho dos efeitos”, refere o comunicado.

A investigação usou a tecnologia da ressonância magnética funcional para comparar a estrutura e a conectividade no cérebro de um grupo de pessoas que bebem café diariamente com a de um grupo de pessoas que não bebem café.

O projecto é apoiado pelo Institute for Scientific Information on Coffee.

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