O Zoom cansa toda a gente — mas ainda mais as mulheres, sugere um novo estudo

Os investigadores descobriram que o responsável pela diferença do cansaço entre mulheres e homens é a pequena janela que mostra como os outros estão a ver-nos.

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Unsplash/Chris Montgomery

A fadiga do mundo virtual é uma realidade, exacerbada pelo teletrabalho, que nos obrigou a estar horas a fio frente ao ecrã para tudo e mais alguma coisa. Depois, multiplicam-se as reuniões por aplicações com vídeo, dada a facilidade de serem organizadas. E, como se isso não bastasse, ainda há quem tenha substituído a rápida e eficiente chamada telefónica por uma videochamada.

Por isso, o cansaço é transversal a toda a gente. Mas, curiosamente, um estudo indica que o nível de fadiga depende do género, mostrando que as mulheres têm maior probabilidade de acusarem o cansaço do Zoom face aos homens. A culpa, explicam os investigadores, é o espelho de autovisualização da plataforma.

Um novo estudo da Universidade Stanford mostra que mais de 13,8% das mulheres se sentem "muito” a “extremamente” fatigadas após as videoconferências, em comparação com apenas 5,5% dos homens. A abissal diferença levou os investigadores a procurarem os motivos, afunilando o estudo nesse sentido. E o que descobriram é que o responsável pela diferença é a pequena janela que mostra como os outros estão a ver-nos.

Estas novas descobertas baseiam-se num artigo que os investigadores de Stanford publicaram recentemente na revista Technology, Mind and Behavior, que explorou a razão pela qual as pessoas poderiam sentir-se exaustas após as videoconferências, e contribuem para compreender como a pandemia de covid-19 está a afectar de forma diferente grupos distintos, explicou Jeffrey Hancock, professor de comunicação na Escola de Humanidades e Ciências e co-autor do novo estudo, citado pelas notícias da universidade

Os investigadores descobriram que o que mais contribuiu para o sentimento de exaustão entre as mulheres foi um aumento do que os psicólogos sociais descrevem como “atenção autofocalizada” desencadeada pela autovista em videoconferência.

E essa autofocalização prolongada pode produzir emoções negativas, ou aquilo a que os investigadores chamam “ansiedade do espelho”, explicou Hancock.

Esta não é a primeira vez que se aponta essa funcionalidade, de autovista, como negativa. O colega de Jeffrey Hancock na Universidade Stanford e director fundador do Laboratório Virtual de Interacção Humana, Jeremy Bailenson, explicou ao The Washington Post que, com estas aplicações, há uma constante auto-avaliação. Ver o nosso próprio rosto e gestos várias horas por dia em vídeo é stressante e desgastante, considerou este professou. Seria como se alguém, imagine-se, nos seguisse com um espelho durante o dia de trabalho “e se certificasse de que, independentemente do que estivéssemos a fazer, olhávamos para a nossa própria cara em tempo real”.

Além do género, os investigadores compreenderam que diferentes tipos de personalidade manifestavam diferentes níveis de cansaço. Os extrovertidos relataram níveis de exaustão inferiores aos dos introvertidos. Já no que diz respeito à idade, constatou-se que os mais jovens ficavam mais cansados. 

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