Navalny transferido “gravemente doente” para a enfermaria da prisão

O opositor do Kremlin foi testado para o coronavírus e para outras doenças. Segundo Navalny, a tuberculose é uma das doenças que tem afectado alguns dos prisioneiros da prisão onde está detido.

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Polícias russos detêm Anastasiya Vasilyeva, médica e aliada de Alexei Navalny, depois de ter sido negada a sua entrada para ver o opositor do Kremlin MAXIM SHEMETOV/Reuters

Após ter manifestado problemas respiratórios, o principal opositor de Vladmir Putin, Alexei Navalny, foi transferido para a enfermaria. Segundo uma advogada da sua equipa legal, o crítico está “gravemente doente”: além da tosse forte, Navalny tinha 38ºC de febre. 

“Ele perdeu muito peso, tem uma tosse forte e 38ºC de febre”, disse a advogada Olga Mikhailova à rádio Eco de Moscovo, depois de ter conseguido ver Navalny na terça-feira. “Este homem está gravemente doente. É uma autêntica afronta que a [colónia penal] IK-2 o tenha levado a este estado”, acrescentou.

O jornal Izvestia confirmou a transferência para a enfermaria, onde foi testado para o coronavírus e outras doenças. Não informou onde se situa a enfermaria, mas um dos advogados de Navalny, disse ao canal TV Rain, que acredita que a enfermaria é a da IK-2, onde Navalny está a cumprir a pena de dois anos e meio.

“Se tiver tuberculose, talvez alivie as dores nas minhas costas e a dormência nas minhas pernas. Isso seria agradável”, escreveu o líder da oposição no Instagram na segunda-feira, dando também conta que vários prisioneiros do mesmo campo prisional já tinham sido tratados para a tuberculose.

Vários apoiantes de Navalny juntaram-se num protesto perto da prisão para exigir cuidados médicos para Navalny, esta terça-feira. Em resposta, a Polícia russa aumentou a segurança no perímetro do estabelecimento prisional e deteve nove pessoas, avançou a Reuters.

Entre os detidos encontram-se dois jornalistas da CNN e a directora da Aliança dos Médicos da Rússia, Anastasia Vasilyeva, segundo a agência. A médica pretendia avaliar o estado de saúde de Navalny, mas a sua entrada foi recusada, embora tivesse agendada uma reunião com um responsável prisional, disse.

“Viemos até aqui para oferecer ajuda”, disse Vasilyeva aos jornalistas, antes de ser detida, lamentando que as suas “acções pacíficas” não surtam efeito.

O opositor do Kremlin anunciara na semana passada uma greve de fome para exigir cuidados de saúde, que lhe estavam a ser recusados há duas semanas, quando começaram as queixas de dores intensas nas costas e dormência nas pernas. O seu estado agravou-se na semana passada, aumentando o risco de uma perda “irreversível” dos membros inferiores.

As autoridades prisionais consideram o seu estado de saúde “estável e satisfatório” e disseram que está a receber o tratamento devido, negando também as acusações de “tortura” de sono. Não responderam ainda ao desenvolvimento das condições de Navalny.

A secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnes Callamard, disse numa publicação no Twitter ter falado ao Presidente russo, Vladimir Putin, da “detenção arbitrária e a deterioração do estado de saúde” de Navalny.

“Existe uma possibilidade real de a Rússia o estar a sujeitar a uma morte lenta. Devia-lhe ser garantido o acesso a um médico em quem confie e devia ser libertado”, escreveu Callamard.

Alexei Navalny cumpre uma pena de dois anos e meio, que o próprio afirma ser uma retribuição pela oposição política a Putin, depois de ter sido detido ao voltar para a Rússia. Navalny também acusa o Presidente russo de estar por trás da tentativa de envenenamento com um agente nervoso no ano passado.

Entretanto, os apoiantes de Navalny organizaram para esta terça-feira uma manifestação junto à colónia penal IK-2 para protestar contra a falta de cuidados médicos. Em resposta, a Polícia russa já aumentou a segurança no perímetro do estabelecimento prisional.

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