Mercado de carros ligeiros caiu 31,5% no primeiro trimestre

Peugeot lidera mercado nacional ao fim de três meses. Jeep e marcas de luxo são as únicas que cresceram no primeiro trimestre.

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Diogo Ventura (arquivo)

Em Março foram matriculados 16.099 novos veículos em Portugal. Trata-se de uma subida de 29,8% no mercado nacional, em termos homólogos, mas este resultado “é enganador”, adverte a Associação Automóvel de Portugal (ACAP).

Março de 2020 teve vendas baixas e uma quebra acentuada de 56,7% porque foi o primeiro mês da pandemia, metade do qual foi vivido em confinamento. “Assim, se efectuarmos a comparação com Março de 2019 concluímos que o mercado cai, efectivamente, 43,6%”, sublinha a ACAP no boletim mensal sobre a evolução do mercado automóvel.

Na análise trimestral, as vendas totais do primeiro trimestre no mercado dos ligeiros de passageiros caem 31,5% face ao período homólogo de 2020. No mercado total (incluindo ligeiros de mercadorias e pesados), a quebra é de 25,7%.

O segundo confinamento, entre Janeiro e Março de 2021, pesou sobre o negócio, tal como já tinha acontecido há um ano, com o primeiro período de maiores restrições. Janeiro e Fevereiro do corrente ano foram ambos negativos para os vendedores, com particular ênfase para Fevereiro, que reflectiu o período mais crítico do segundo confinamento e se saldou com o terceiro maior recuo nas vendas desde que a pandemia se fez sentir em Portugal.

Tal diferença pode ser explicada com o facto de Janeiro e Fevereiro de 2020 terem sido meses sem efeitos da pandemia, ao contrário do que sucede em 2021, que começou e prossegue com diversas limitações na actividade económica.

Na análise mensal do mercado mais importante, o dos ligeiros de passageiros, em Março de 2021 foram matriculados 12.699 veículos, mais 19,8% do que em 2020. Porém, são menos 49% do que os 24.900 matriculados em Março de 2019.

Já nos mercados mais pequenos, os dos ligeiros e pesados de mercadorias, a comparação mensal é extremamente positiva (crescimentos acima dos 100% ou perto disso) e a comparação com o primeiro trimestre de 2020 é a única com resultados crescentes (subida de 6,4% nos ligeiros de mercadorias e de 29,1% nos pesados de mercadorias).

Por marcas, houve muitas a conseguirem vender mais em Março do que há um ano, devido ao tal “efeito base” da quebra geral no primeiro confinamento de há um ano. Mesmo assim, houve marcas que em Março de 2021 ainda venderam menos do que em Março de 2020, com o notório destaque para a Renault, que tem sido a líder incontestada no mercado nacional e que, nos últimos 30 dias viu as vendas recuarem 9,1%, caindo para o quarto lugar da tabela.

Mas na análise trimestral, só a Jeep e marcas de luxo como Ferrari, Maserati e Aston Martin apresentam uma variação homóloga positiva, às quais se juntam ainda os desportivos Alpine e Cupra, também com crescimentos. Todas as restantes venderam menos no trimestre que agora terminou face aos primeiros três meses de 2020.

No ranking das marcas presentes no mercado de ligeiros de passageiros, há ainda a destacar a posição de liderança da Peugeot, tanto nas vendas mensais como trimestrais. Foi a marca que vendeu mais carros a gasolina (930) em Março e segunda nas vendas de 100% eléctricos (BEV), com 110 veículos, logo atrás da Tesla, que liderou neste segmento, com 162 unidades. Segue-se a Mercedes em segundo e a BMW em terceiro, a Renault em quarto e a Citroën em quinto. A primeira marca não europeia no ranking nacional é a Toyota, no sexto lugar, e a segunda é a Nissan (nono).

Por tipo de combustível, as motorizações a gasolina ganharam 3,7 pontos percentuais de quota de mercado na passagem de Fevereiro para Março. No primeiro trimestre, representam 43% das vendas.

O gasóleo, pelo contrário, continua em perda nos ligeiros de passageiros: eram 28,2% das novas matrículas no fim de Fevereiro e passaram a ser 26,3%. Também os electrificados perderam quota de mercado, passando de pouco mais de 31% ao fim de Fevereiro para cerca de 29% no fim de Março. 

Os eléctricos puros, os plug-in híbridos (PHEV) híbridos convencionais perderam quota de mercado em Março, com destaque para esta última categoria, os HEV, para os quais o parlamento mudou as regras fiscais no orçamento do Estado que entrou em vigor em Janeiro.

Ainda que seja cedo para determinar se o fim de certas isenções ou descontos fiscais para alguns modelos HEV está a empurrar clientes para a gasolina, que é ambientalmente pior em termos de emissões de CO2. Porém, com base nos dados do trimestre, conclui-se que a motorização a gasolina é a que apresenta o maior crescimento. 

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