Protótipo da primeira antena espacial europeia testado no Porto

Para já, a meta é colocar a antena no espaço em 2026.

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Ilustração da Large European Antenna DR

O protótipo daquela que será a primeira antena espacial europeia de grandes dimensões e que embarcará num dos satélites do programa Copérnico está a ser testado por investigadores do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), no Porto.

Do protótipo da primeira antena espacial europeia, cujo braço articulado está em testes no instituto do Porto, depende a “independência da Europa no espaço”, afirmou o investigador Ricardo Lopes em declarações à Lusa.

“Vamos supor que um satélite que já existe deixa de dar suporte ou acesso à Europa. Nesse momento, deixamos de ter ligação a dados de observação da Terra ou dados de segurança porque são sempre subcontratados a um país externo aos países europeus, daí a importância destes projectos”, salientou.

A necessidade de a Europa “aumentar a sua independência ao nível da tecnologia espacial”, identificada pela Comissão Europeia e pela Agência Espacial Europeia (ESA) levou, em 2017, à aprovação do projecto LEA - Large European Antenna, financiado em 4,9 milhões de euros pelo programa Horizonte 2020.

No âmbito do projecto, o INEGI está já a testar uma das cinco soluções que criou para fazer a validação do braço articulado da antena. A solução testa três funcionalidades do braço articulado: a repetibilidade, rigidez e exposição solar, determinantes para garantir a correcta abertura da antena no espaço, mecanismo que demora entre 30 e 40 minutos.

“Avaliamos a performance do equipamento, damos a informação à empresa que fornece o hardware sobre como é que ele se comporta, ou seja, se tiver uma prestação menos positiva temos de dar esses dados ou se tiver uma prestação positiva, se está com óptimas características de repetibilidade, exposição solar, rigidez”, esclareceu.

Dos três testes, aquele que acarreta “mais responsabilidade” é a simulação da radiação solar, feita através de “lâmpadas especiais”, afirmou o investigador, acrescentando que são necessários dez dias para a validação de todos testes que decorrem no Porto.

Além desta solução, o INEGI desenvolveu mais quatro equipamentos para testar o reflector e braço da antena que foram enviados para a Airbus, na Alemanha, e para o Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial, em Espanha. Os equipamentos visam, entre outros objectivos, testar a funcionalidade dos dois protótipos do “pacote de voo” quanto à vibração, vácuo, gravidade e saída da nave.

Com uma arquitectura de cinco a 20 metros de diâmetro, a antena inclui um reflector e um braço desdobráveis que vão permitir cumprir missões estratégicas, como a observação da Terra, telecomunicações e missões científicas.

O consórcio por detrás do projecto LEA, liderado pela empresa alemã HPS - High Performance Space Structure Systems, aliou-se, em 2020, ao Copérnico, programa de observação da Terra conduzido pela União Europeia e pela ESA, e vai desenvolver equipamentos para uma missão espacial do programa Copernicus, a CIMR - Copernicus Imaging Microwave Radiometer. “Se conseguirmos voar em 2026, podemos dar um passo gigante na independência da Europa no espaço, que é um sector que cada vez tem mais importância”, reforçou.

Para o investigador, a participação do INEGI nestes projectos “vêm fortalecer as competências” na área espacial e permitirá “aprender imenso”. “Estes projectos fortalecem as competências e o trabalho que temos vindo a desenvolver desde há seis anos na área do teste do sector do espaço. Com a missão Copernicus vamos aprender imenso, vamos adquirir imensas competências e, eventualmente, transferir o conhecimento para os nossos clientes”, salientou Ricardo Lopes.

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