Covid-19: palestinianos acusam Israel de não deixar entrar a vacina em Gaza

Governo de Benjamin Netanyahu diz que a responsabilidade da vacinação em Gaza e Cisjordânia cabe ao governo da Autoridade Palestiniana, que não tem orçamento para compras em massa às farmacêuticas.

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Realização de teste à covid na Faixa de Gaza Ibraheem Abu Mustafa

A Autoridade Palestiniana acusou Israel de ter impedido, na segunda-feira, uma entrega de vacinas contra a covid-19 na Faixa de Gaza, onde ainda não foi dada nenhuma dose.

As duas mil doses de vacinas russas Sputnik V eram provenientes da Cisjordânia, mas o carregamento foi travado ainda neste território ocupado num posto de controlo e “os palestinianos foram informados que a continuação da viagem não tinha sido aprovada”, disse uma fonte palestiniana à Reuters.

Uma fonte do aparelho de segurança israelita disse que o envio das duas mil doses de vacina “ainda estava a ser examinado” e que a aprovação para a carga seguir viagem “ainda não estava dada”. A aprovação do envio das vacinas da Cisjordânia para Gaza é da responsabilidade do Conselho de Segurança Nacional israelita do Governo de Benjamin Netanyahu, esclareceu a fonte da Reuters.

Segundo a Autoridade Palestiniana, o pedido de transferência da carga foi feito a 4 de Fevereiro, depois de terem chegado à Cisjordânia dez mil doses da vacina russa.

“As duas mil doses destinavam-se a trabalhadores de Saúde em unidades de cuidados intensivos, onde há 19 doentes, e aos funcionários dos departamentos de emergência”, disse a ministra palestiniana da Saúde, Mai Alkaila.

O carregamento regressou a Ramallah porque a vacina tem que ser mantida a baixa temperatura. Este atraso expõe o desafio que os palestinianos enfrentam para inocular a população de Gaza e da Cisjordânia - duas zonas separadas que Israel capturou na guerra de 1967 e onde vivem 5,2 milhões de pessoas. Israel controla tudo o que entra e sai dos dois territórios.

Os palestinianos e as organizações de defesa dos direitos humanos acusam Israel, que está entre os países do mundo que mais vacinaram contra a covid-19, de não incluir a população palestiniana no seu programa de vacinação, apesar de ter responsabilidades nos cuidados de saúde como potência ocupante. 

As autoridades israelitas disseram que segundo os Acordos de Oslo, é ao Ministério da Saúde palestiniano que cabe a responsabilidade de vacinar a população de Gaza e das partes da Cisjordânia sob governo, limitado, da Autoridade Palestiniana. A vacinação dos trabalhadores da Saúde na Cisjordânia começou no dia 2 de Fevereiro, depois de ter chegado ao território um pequeno carregamento de vacinas da Moderna disponibilizado por Israel.

Os palestinianos, onde o governo tem um orçamento muito mais apertado, dependem da aliança Covax (aliança de países mais pobres), que prevê um total de doses para 20% da população no total. O resto das vacinas deverá ser conseguido através de compras directas às farmacêuticas.

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