Surtos de covid-19 em lares espanhóis caem para metade com a vacinação

Ainda é cedo para ver o impacto no número de mortos, mas duas semanas depois do começo da vacinação, e com mais de um milhão de imunizados, o número de novos surtos em lares desceu 50%. Desde o começo da vacinação na Europa, as mortes por covid-19 desceram 29%.

Foto
Vacinação de utentes de um lar na Catalunha ALBERT GEA/Reuters

O número de surtos de covid-19 em lares de Espanha baixou drasticamente ao fim de duas semanas do começo da campanha de vacinação, que privilegiou as instituições que prestam assistência a idosos por terem sido particularmente fustigadas pelos surtos de infecções do SARS-CoV-2 com mais de 30 mil mortos desde o início da pandemia.

O Ministério da Saúde espanhol notificou esta semana a existência de 103 surtos de covid em lares de idosos de toda a Espanha, metade dos notificados há duas semanas. E o El País recolheu dados em oito das comunidades do país que comprovam essa baixa no número de novos surtos de infectados em Espanha.

No dia em que se assinala precisamente um ano desde a primeira morte por coronavírus registada em Espanha, a incidência de casos por 100 mil habitantes no país desceu pela primeira vez abaixo de 500 no último mês, segundo o El Mundo.

Mais de três milhões de casos de coronavírus confirmados e 64.747 mortos depois (mais de 30 mil em lares), a Espanha começa a respirar um pouco de alívio agora que já tem mais de um milhão de imunizados e isso nota-se no alívio das medidas do confinamento em algumas comunidades.

No espaço da União Europeia já se nota o impacto da vacinação começada a 27 de Dezembro, com uma descida de 29% no número de mortos, de acordo com o ABC, que cita os dados do Grupo de Sistemas Complexos da Universidade Politécnica da Catalunha (Biocomsc), um dos centros que monitoriza a evolução da pandemia para a Comissão Europeia.

Em Espanha “ainda não se nota um impacto importante no número de falecidos”, diz ao El País Jesús Cubero, da Associação de Empresas de Serviços para a Dependência, a representante dos lares espanhóis. “É cedo. Mas, evidentemente, ao haver menos contágios, haverá menos mortos. Temos que ir retomando a normalidade.”

Os dados positivos da vacinação estão a levar comunidades autónomas de Espanha a aliviar algumas das medidas restritivas implementadas no âmbito do confinamento. A Catalunha, que este domingo vai às urnas para eleger o parlamento regional, é uma dessas comunidades.

Na quarta-feira, a Generalitat celebrava os efeitos positivos da vacinação nos lares, com apenas 358 casos de covid-19, representando uma descida de 57,7% em menos de dez dias. Com base nesses números, o governo regional decidiu publicar um novo protocolo sanitário para os lares da Catalunha que ,a partir deste sábado, alivia algumas das restrições em vigor até agora. Com isso, explica o El País, os utentes dos lares qualificados como verde (sem casos de infectados) e laranja (com surtos, mas compartimentados) podem sair para passear ou passar um ou dois dias com a família.

Além da Catalunha, também Navarra, Baleares, Extremadura e Andaluzia se preparam para aliviar as restrições. “Estamos a recomendar às comunidades que comecem a elaborar planos de aligeiramento para abrir o regime de visitas. Com prudência temos de tentar voltar à normalidade. Temos que ser mais permeáveis”, acrescenta Cubero.

Vacinação versus variações do vírus

Segundo o último boletim diário do Biocomsc disponível no site, publicado na quarta-feira, no espaço União Europeia-EFTA-Reino Unido passámos de 225 mil novos casos diários para à volta de 100 mil casos e de 35 mil mortes semanais para cerca de 25 mil: “Espera-se que a mortalidade continue a descer durante pelo menos 16 a 18 dias e esta descida será significativa”.

No entanto, os especialistas da Universidade Politécnica da Catalunha explicam que ainda é possível o que acontecerá para lá das próximas duas semanas porque, “se por um lado, o processo de vacinação deve levar a uma diminuição da mortalidade, ao estar focado na população mais vulnerável”, por outro, “a acentuada proliferação de diferentes variantes do vírus com maior capacidade de transmissão podem provocar uma mudança na tendência e levar a um aumento do número de casos e, consequentemente, a um aumento da mortalidade”.

Daí que os especialistas continuem a recomendar que não se comecem a lançar já foguetes, aliviando as medidas de restrição. “Temos de manter as medidas para limitar o contacto entre pessoas até podermos dizer que o efeito da vacinação é maior que o efeito das novas variantes”, diz o Biocomsc.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários