Equador: segundo lugar nas presidenciais à espera de revisão de actas

Votos por contar e actas eleitorais para rever nas presidenciais de domingo podem corresponder a 1,4 milhões de votos em disputa. Herdeiro de Rafael Correa ainda não tem rival.

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O líder ecologista indígena Pérez rodeado de apoiantes junto à sede do Conselho Eleitoral Jose Jacome/EPA

Com 98,15% dos votos contados das eleições de domingo no Equador, os candidatos Yaku Pérez (19,81% ) e Guillermo Lasso (19,6%) continuam demasiado próximos para se saber quem ficou em segundo e quem ficou em terceiro. Há pelo menos duas certezas: o próximo Presidente vai ser escolhido na segunda volta, marcada para 11 de Abril, e o favorito é o economista Andrés Arauz, que venceu a primeira volta com 32,19%. A partir daí, as dúvidas incluem não só os votos por contar como, acima de tudo, as 3778 actas eleitorais que terão de ser revistas.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), estas actas correspondem a 9,45% do total – todas apresentam problemas, passando por inconsistências numéricas, falta de assinaturas, problemas na digitalização ou queixas das várias candidaturas. A isto é preciso somar os boletins por contar, os tais 1,85%, ou 741 actas, de centros eleitorais localizados em zonas de difícil acesso e que têm de ser transportados por barco ou avião.

Ouvido pelo diário equatoriano El Comercio, o analista eleitoral Esteban Ron estima que quase 1,4 milhões de votos da primeira volta ainda estejam em disputa (em média, cada acta corresponderá a 284 votos). Por estabelecer está assim uma parte significativa dos votos de domingo, com a proximidade de resultados de Pérez e Lasso a tornar a situação ainda mais delicada.

A lei prevê que este processo demore um máximo de dez dias, mas o CNE já fez saber que o prazo pode ser alargado. Ao mesmo tempo, “o país não pode esperar demasiado tempo para esclarecer quem passa à segunda volta”, admitiu o vice-presidente do CNE, Enrique Pita.

Na segunda-feira, o barulho das vuvuzelas em redor da sede do CNE, na capital, Quito, já foi ensurdecedor. Pérez, o dirigente ecologista, ali esteve em protesto, acompanhado de militantes do seu Movimento da Unidade Plurinacional Pachakutik. O candidato afirma que a contagem dos seus votos em três províncias está muito abaixo da votação obtida pelo partido nas legislativas, o que considera um indício de fraude, e pede uma “contagem voto a voto”.

Por trás da alegada fraude, acusa o ex-governador de Azuya, estariam “o senhor Correa” e o “senhor Lasso”. Correa é o ex-chefe de Estado Rafael Correa, que apesar de ter sido condenado por participação num esquema de atribuição de concursos públicos e de viver na Bélgica, se mantém como político mais influente do país. Foi Correa a promover Arauz, que já passou à segunda volta.

Lasso é o rival que disputa a passagem à segunda volta com Pérez, o candidato que se esperava que decidisse o resultado com Arauz. O ex-banqueiro já tenta chegar à presidência pela terceira vez e tem sido o líder da contestação ao “correísmo”, movimento que dominou o Equador durante uma década. A surpresa destes resultados é mesmo o ecologista indígena.

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