Sete linces vão ser libertados este ano em Portugal

Os exemplares a soltar nasceram em 2020, em três dos quatro centros de reprodução em cativeiro existentes na Península Ibérica.

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Crias no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (em Silves) em 2012 DR

Sete exemplares de lince-ibérico, espécie considerada como “criticamente em perigo” em Portugal, vão ser libertados este mês no país, o total do ano, anunciou esta terça-feira o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Numa nota de imprensa, o ICNF informa que a época para soltar linces-ibéricos no país tem início esta terça-feira, com a libertação de dois de sete exemplares, num programa que “continuará até ao final do mês, na área de reintrodução do Vale do Guadiana”.

Segundo o ICNF, os exemplares a soltar “nasceram em 2020, em três dos quatro centros de reprodução em cativeiro existentes na Península Ibérica”.

Dois exemplares machos provêm de El Acebuche e três exemplares fêmeas de La Olivilla, na Andaluzia, Espanha, adianta a nota, referindo que outros dois exemplares machos nasceram no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico, do ICNF, localizado em Silves, no Algarve.

“As áreas de solta definidas para 2021 foram seleccionadas com base em critérios técnicos de existência de habitat adequado e de disponibilidade de alimento para os linces e contaram com as valiosas colaborações do Regimento de Infantaria n.º 1 de Beja e da Câmara Municipal de Mértola, traduzidas na permissão de realização de parte das soltas, em terrenos sob a sua jurisdição”, assinala o ICNF.

O instituto explica que 2020 foi “particularmente favorável ao lince em Portugal, com o nascimento de 60 crias em meio natural e o estabelecimento de 18 fêmeas reprodutoras com territórios estabilizados”, tornando o Vale do Guadiana uma das “áreas de reintrodução com maior sucesso a nível ibérico”.

“De facto, passados seis anos sobre o início da reintrodução do lince-ibérico em Portugal, este núcleo populacional evidencia um crescimento sustentado, reunindo mais de 150 exemplares que se distribuem por quase 500 quilómetros quadrados”, acrescenta-se.

O ICNF observa que, para esta situação, “tem contribuído a colaboração de proprietários e de gestores de herdades e de zonas de caça, uma gestão sustentável do território, a abundância de coelho-bravo, uma atitude favorável evidenciada pela população local à presença do lince e a conectividade da população de linces do Vale do Guadiana com as presentes noutras áreas de Espanha, fundamental para o incremento da variabilidade genética”.

A área de reintrodução em Portugal foi seleccionada em 2014, no âmbito do projecto LIFE Iberlince.

“A área do Vale do Guadiana compreende territórios dos concelhos de Mértola, Serpa e zonas adjacentes, para onde os linces se dispersaram naturalmente, situadas nos concelhos de Alcoutim, Castro Verde e Beja”, acrescenta a nota de imprensa. “Estas áreas estão agora a ser consolidadas, ampliadas e interligadas no âmbito do novo projecto LIFE Lynxconnect, liderado pela CAGPyDS da Junta de Andaluzia, iniciado em Setembro de 2020”, e que, em Portugal, congrega como parceiros, além do ICNF, a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo e a Infra-estruturas de Portugal.

“Em 2017, como resultado do trabalho realizado por Espanha e Portugal, o estatuto de conservação do lince-ibérico na Península Ibérica desceu um nível, passando a ‘ameaçado'”, adiantou à agência Lusa o ICNF. “No entanto, em Portugal o seu estatuto ainda se mantém inalterado, mantendo-se como ‘criticamente em perigo'”, acrescentou.

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