SoundCloud está a estudar modelo para fãs poderem pagar directamente aos músicos

Plataforma quer encontrar formas mais justas de compensar financeiramente os artistas, que há muito se queixam da deficiente distribuição das receitas geradas pelos grandes serviços de streaming.

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ADRIANO MIRANDA

A plataforma digital de publicação de áudio SoundCloud pode estar em vias de implementar um novo sistema de pagamento que permitirá aos fãs remunerarem directamente os músicos, noticiou no final da semana passada a revista Billboard. A confirmar-se, a decisão poderá ser revolucionária para o universo do streaming e para o sector da música, que há muito se queixa da deficiente e desequilibrada distribuição de rendimentos aos artistas por parte das grandes plataformasO SoundCloud não teceu declarações oficiais à Billboard, mas a revista norte-americana refere que “várias fontes próximas da situação” dizem que o processo está em marcha e assinala que a empresa deverá anunciar os seus planos quanto aos novos métodos de pagamento antes do fim de Março.

Se o modelo avançar, o SoundCloud passará a ser a primeira grande plataforma de streaming a contemplar a possibilidade de uma compensação monetária aos artistas sem mediação. O sistema já existe na QQ Music, a plataforma chinesa detida pela empresa Tencent Music, que por sua vez é uma “joint venture” entre a Tencent e o Spotify, mas o modelo que prevalece nos principais serviços, como o Spotify, a Apple Music e (pelo menos para já) o próprio SoundCloud, é o modelo pro rata: as empresas recolhem as receitas geradas pelas subscrições e distribuem-nas segundo uma determinada proporção, direccionando a maior parte dos lucros para os artistas com mais streams.

Por dez dólares mensais (8,30 euros), os utilizadores do SoundCloud podem aderir ao serviço exclusivo Soundcloud Go+, que dá acesso a mais de 200 milhões de faixas licenciadas, mas o dinheiro dessa subscrição não vai necessariamente para os artistas que ouvem. Similarmente, não podem endereçar “gorjetas” aos músicos, opção que está disponível no Spotify desde Abril de 2020. O Spotify, apesar de tudo, não conseguiu evitar uma onda de críticas quando, na sequência da pandemia e do congelamento do sector artístico, anunciou a funcionalidade das gorjetas; Ben Beaumont-Thomas, do jornal britânico The Guardian, apontou então que era a maneira de a plataforma reconhecer que não compensa financeiramente como deveria “os músicos que a tornam viável”.

À imagem do Bandcamp, plataforma onde muitas bandas sem editora dão os seus primeiros passos na indústria, o SoundCloud tem passado os últimos anos a tentar implementar modelos de pagamento mais justos. Também em Abril do ano passado, a empresa lançou a Repost, uma plataforma de distribuição para artistas independentes onde estes podem monetizar as suas faixas e distribuí-las para serviços como o Spotify ou a Apple Music. O SoundCloud disponibiliza ainda “ferramentas promocionais”. A adesão à Repost custa 30 dólares anuais (24,95 euros/ano) e, escreve a Billboard, os artistas podem manter “100% das suas receitas do SoundCloud e 80% das receitas das outras plataformas”.

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