Como o algoritmo está a mudar a música que ouvimos e o modo como a ouvimos

Uma canção obscura dos Pavement transforma-se, de repente, na mais ouvida da banda no Spotify. É um sintoma do modus operandi do streaming, que está a produzir um ouvinte mais passivo, refastelado no conforto de playlists que são mero pano de fundo automático para o seu quotidiano.

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O fundador do Spotify, Daniel Ek, 37 anos, tinha como objectivo "criar a banda sonora para cada momento das nossas vidas" Noam Galai/Getty Images

Até há um par de anos, Harness your hopes era uma canção obscura no catálogo dos Pavement. Gravada durante as sessões de que resultou o álbum Brighten the Corners (1997), e editada num EPSpit on a strangerlançado dois anos depois, parecia condenada a permanecer canção de culto a que apenas acediam os fãs mais devotos da banda icónica do rock independente americano dos anos 1990. No entanto, procuramos os Pavement no Spotify e ei-la que surge em destaque: é, com grande vantagem, a canção mais ouvida da banda (30 milhões de audições, contra os 21 milhões do maior êxito dos Pavement, Cut your hair). Mais: no YouTube, são vários os utilizadores que a referem como “a” canção dos Pavement, aquela que melhor os representa. Explicam também como chegaram à canção. Ou melhor, como a canção chegou até eles: “O Spotify recomendou-ma” é, invariavelmente, a resposta.

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