Idosos de Ílhavo recebem música e estímulos à janela

Em tempos de confinamento, a autarquia vai ao encontro dos idosos, estimulando-os e desafiando-os a manterem-se, física e mentalmente, activos. O programa “Maiores pela janela” também vai ter um programa de rádio.

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Sérgio Azenha
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Bastaram três músicas para Arminda Neves garantir que até ia “dormir mais relaxada”. Ficou encantada com a “serenata” que recebeu na manhã desta quarta-feira, à porta da sua casa, na Gafanha da Nazaré. E ainda que a cantoria não tenha conseguido apagar, por completo, a falta que lhe fazem as aulas de ginástica e as outras actividades de convívio, foi um momento “formidável”, enalteceu. Prestes a fazer 76 anos, Arminda Neves é uma das várias utentes habituais das actividades que a Câmara Municipal de Ílhavo promove regularmente para os idosos do concelho. Em tempo de confinamento, e para minimizar os impactos negativos da falta de contacto social e de estímulos, a autarquia não deixa de dizer presente. Através do projecto “Maiores pela Janela” tenta desafiar e estimular as pessoas idosas, a partir das suas casas, com propostas que vão desde os concertos a um programa de rádio.

“É uma forma de não nos sentirmos sozinhos”, avaliava Maria Cascais, outra das seniores ilhavenses abrangidas pelo projecto, já depois de ter usufruído do concerto que a equipa da Câmara lhe fez chegar ao pátio da sua habitação. Em vez de mera espectadora, Maria Cascais, de 79 anos, fez questão de soltar a voz e acompanhar o músico e cantor, António Calisto, ao som de temas como Oliveira da Serra ou Bailinho da Madeira, com passagem pela Cinderela, eternizada por um filho da terra (Carlos Paião). Mais reservada, Maria do Carmo também se confessava rendida ao pequeno concerto com que foi brindada. “Gosto muito de música, especialmente de música portuguesa”, contou, já no final da actuação protagonizada pelo serviço da Maioridade da autarquia ilhavense.

Maria do Carmo vive sozinha e aprecia estes pequenos momentos de convívio. “Também cá vieram no Natal e eu nem estava a contar”, sublinhou. Já Maria Cascais e Arminda Neves são cuidadoras, condição que as leva a apreciar cada momento de descontracção como se fosse único, na certeza de que a pandemia veio tornar essas ocasiões cada vez mais raras.

Para além deste projecto que leva a música ao encontro dos seniores, o programa preparado pela autarquia prevê, ainda, a acção “Não Precisas de Estar Parado” - com a disponibilização de vários cadernos de estimulação cognitiva, manuais de exercícios físicos e propostas para serem efectuadas em casa – e a actividade “Desafios ao Telefone”, que promove “dois dedos de conversa” através do simples contacto telefónico. Destaque, ainda, para a proposta “Rádio Activos na Maior Idade”, que será uma rubrica semanal a emitir na Rádio Terra Nova, no Programa da Manhã, todas as terças-feiras entre as 10h40 e as 10h55, com abordagens a novas formas de envelhecer. A primeira edição vai para o ar já na próxima semana.

Equipa sai para a rua três vezes por semana

Ainda que parte das actividades do “Maiores pela janela” não exija a deslocação dos técnicos da Câmara Municipal – como é o caso do “Maiores On”, que trabalha a aquisição de competências tecnológicas no domicílio -, a equipa não dispensa “a proximidade com os maiores”, enquadrou a vereadora Fátima Teles. A partir da janela ou dos pátios, os seniores vão recebendo os cumprimentos dos técnicos da autarquia, juntamente com alguns “Kits Casa e Demência” (com propostas de exercícios de estimulação) e exemplares da Revista Maior Idade (com conteúdos exclusivos concretizados em tempos de confinamento: entrevistas, crónicas e acções sensibilização). “Normalmente, saímos para a rua três vezes por semana para entregar os kits e conversar um pouco”, acrescentou a vereadora.

Neste momento, o programa abrange cerca de 80 munícipes seniores e está preparado para se prolongar pelo tempo que for necessário. “Enquanto durar o confinamento, temos que ter esta presença constante e este estímulo”, sustentou Fátima Teles. De acordo com a vereadora, este confinamento parece estar a ser ainda mais duro para a população sénior. Começando desde logo pelo facto de “o primeiro confinamento ter ocorrido na Primavera e este em pleno Inverno, com muita chuva”. “E também estão mais assustados com as notícias que vêem na televisão”, avaliou.

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