Marcelo sobre escolas: “Decisão deve ser tomada nas próximas horas”

A partir de Bruxelas, primeiro-ministro considerou os dados mais recentes sobre mortes e contágios “particularmente dramáticos”.

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Marcelo recebou um telefonema durante a sessão LUSA/MÁRIO CRUZ

Marcelo Rebelo de Sousa deixou claro, nesta quarta-feira em Lisboa, em resposta aos alunos que o interpelaram durante uma acção de campanha no Liceu Pedro Nunes, que a questão do encerramento ou não das escolas “deve ser tomada nas próximas horas”. Ao mesmo tempo, soube-se que as ministras Marta Temido e Mariana Vieira da Silva se reunirão com epidemiologistas ainda hoje, seguindo-se outra reunião com o primeiro-ministro assim que aterrar em Lisboa, vindo de Bruxelas, onde participou numa sessão no Parlamento Europeu.

“Neste momento, temos dois dados novos: a variante britânica e saber se a disseminação social está a chegar às escolas a um ritmo tal que coloca em causa a actividade normal. É isso que tem de ser ponderado”, afirmou o candidato, na pele de Presidente. “É uma questão que se vai colocar entre hoje à noite e amanhã”, acrescentou, insistindo que, se a disseminação for alta, “tem de se agir”.

Marcelo entende que os dados de contágios e mortes divulgados hoje — mais de 14.647 e 219, respectivamente — “têm de ser analisados” com cuidado e preocupação. É essa a ponderação que tem de se fazer. Exige-se aos responsáveis políticos que mantenham a serenidade”, disse ainda, clarificando que o Presidente não deve dizer o que faria porque isso “implica uma conjugação com o Governo”.

O candidato presidencial está há mais de duas horas e meia a falar numa acção de campanha que o levou a regressar ao seu liceu da juventude, o Pedro Nunes, em Lisboa, para conversar com alguns alunos. Logo no início, Marcelo interrompeu a sessão dizendo que precisava de atender uma chamada importante do estrangeiro e, quando voltou, cinco minutos depois, explicou que era um chefe de Estado estrangeiro.

A partir de Bruxelas, António Costa confirmou que falou com o Presidente da República e comentou os números do dia, considerando-os particularmente dramáticos e demonstrativos da gravidade da situação que existe no país”, mas admitindo que “é cedo para tirar conclusões finais sobre as medidas” tomadas pelo Governo. “É sabido que entre o momento em que se toma as medidas e elas produzem efeito há pelo menos duas semanas.”

“Nós não podemos tomar decisões conforme as pressões. Ainda há poucas semanas a pressão era para abrir os restaurantes mais tempo, agora a pressão é para fechar mais. Nós temos de ir tomando as decisões em função daquilo que são as realidades efectivas e qual é a dinâmica efectiva”, declarou. E lembrou que na quinta-feira há Conselho de Ministros.

O primeiro-ministro insistiu, no entanto, que “convém não esquecer que todos sabemos hoje qual foi o custo social e no processo de aprendizagem para as crianças do encerramento das escolas” em Março. "E aqui não se trata de compensar as perdas económicas de uma empresa, porque essas são mais ou menos compensáveis – podemos não compensar tudo, e não temos dinheiro infelizmente para compensar a dimensão das perdas que estão a ter , estamos a falar da formação de uma geração, e este é um dano cujo preço a pagar não é hoje, é um preço que pagaremos longamente ao longo dos próximos anos. Portanto, é preciso ter muita serenidade, ter muita calma, recolher informação e tomar as decisões.”

Ontem, no Parlamento, já depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter falado na necessidade de dar “um sinal político”, pondo a hipótese de encerrar escolas, o primeiro-ministro deixou a porta aberta a tal solução. “Se soubermos que a estirpe inglesa se tornou dominante em Portugal, teremos muito provavelmente de fechar as escolas”, garantiu.

No mesmo debate, a ministra da Saúde, Marta Temido, deixou um apelo. “Os próximos dias vão ser duríssimos. Por favor ajudem-nos a todos.”

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