Vacinação contra covid-19 arranca na Madeira: “Isto começa agora a acabar, mas ainda não acabou”

Cinco profissionais de saúde da linha da frente no combate à covid-19 foram os primeiros a receber a vacina.

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Início da campanha de vacinação na Madeira HOMEM DE GOUVEIA/lusa

Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal: João Caires, enfermeiro; Ana Silva, assistente operacional; Pedro Balsa, médico; Adérito Delgado, tripulante de ambulância; e Ludivina Freitas, técnica de laboratório, acabam de receber, em simultâneo, a vacina contra a covid-19. São os primeiros na Madeira, e na sala, onde se apinham jornalistas, autoridades de saúde e o presidente do governo regional, Miguel Albuquerque, ouvem-se palmas.

“É um momento histórico. Começamos a ver alguma luz ao fundo do túnel”, dirá depois Albuquerque, já lá fora, numa conferência de imprensa improvisada, onde vai avisando que, mesmo com vacina, não é hora de relaxar. “Continuamos no meio de uma crise de saúde pública. Uma crise sanitária. E não é agora, próximo do fim, que vamos deitar tudo a perder”, disse, enquadrando a subida de casos positivos nos últimos dias na Madeira como sendo “expectável” para o período de Natal.

Na última semana, o aumento diário de casos tem rondado os 50. Desde o início da pandemia já se registaram 1687 infecções (números de quarta-feira) e 14 óbitos associados à covid-19.

“Houve um aumento no número de cadeias de transmissão e também de casos positivos. Era uma situação expectável”, continuou, sublinhando a importância do cumprimento das orientações das autoridades de saúde: o distanciamento físico, a utilização de máscara e a desinfecção frequente das mãos. “São medidas fundamentais para continuarmos a ter a pandemia controlada”, justificou, frisando que não existe transmissão comunitária na Madeira (“todas as cadeias de transmissão estão identificadas”) e que a obrigatoriedade dos emigrantes e estudantes realizarem um segundo teste à covid-19, cinco dias após chegarem ao Funchal, permitiu detectar 70 casos positivos. “Foi, como se comprova, uma medida acertada.”

Segundo lote de vacinas da Pfizer chega em Fevereiro

A vacinação na Madeira, que começou com cinco profissionais de saúde que “têm estado na linha da frente da resposta à doença”, vai, numa primeira fase, abranger mais 4875 profissionais de saúde dos sistemas público e privado, e depois, num segundo momento, utentes e funcionários de lares e centros de dia. “São ambientes vulneráveis e, como tal, prioritários para nós”, justificou Albuquerque, adiantando que o segundo lote de vacinas, 14.625 unidades produzidas pela Pfizer e pela BioNTech, tem chegada prevista ao Funchal para a primeira semana de Fevereiro. É possível, explicou, que ainda antes dessa remessa, cheguem à região vacinas de outras farmacêuticas, se forem aprovadas pela União Europeia.

Ao longo desta quinta-feira, serão vacinados mais 80 profissionais de saúde, sempre da linha da frente, e nos próximos dias o plano de vacinação prevê a inoculação de uma média de 200 pessoas por dia.

Mas para a história fica a “emoção” de Ana Silva, assistente operacional integrada na operação de rastreio montada no Aeroporto Internacional da Madeira. Mostrou-se “sem palavras” para explicar o que sentiu por ter sido uma das primeiras vacinadas. Fica, também, a “esperança” e o “alivio” de João Caires, enfermeiro na Unidade de Contingência Covid-19, onde chegam todos os casos suspeitos da doença. “Ficou muito feliz por ter sido escolhido. A sensação é que é o princípio do fim desta pandemia”, resumiu aos jornalistas.

Ao lado, Pedro Balsa, médico, destacou a “vontade” de ser vacinado e pediu cuidado a todos perante uma doença “terrivelmente” contagiosa. “Isto começa agora a acabar, mas ainda não acabou.”

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